...

Trajetória nos concursos - Adriana Prates

By | agosto 27, 2020 2 comments

    
...

Trago hoje a emocionante trajetória de Adriana Prates, aprovada para promotora no MPMG! De uma cidade de 3 mil habitantes, com dificuldades financeiras e superação de doença na família, Adriana foi, com muita persistência, rompendo cada obstáculo, estudando nas férias e se dedicando bastante! Conseguiu aprovação na fase escrita de três concursos dos mais específicos para o MPE: MPPR, MPGO e MPMG! Sem os três anos de prática, só conseguiu ter a chance de fazer a prova oral no MPMG, com transmissão ao vivo e em plena pandemia! O final da arguição dela, comunicando-se com a banca e não conseguindo conter a emoção, representa essa sensação que ela bem descreveu: "saber que vim de um lugar tão humilde e de uma família tão alheia ao mundo jurídico e mesmo assim chegar ao nível de fazer uma prova oral para Promotor foi indescritível". Parabéns, Adriana! O MPMG ganha muito com você! 

Meu nome é Adriana, tenho 26 anos e fui aprovada no LVII concurso para Promotor de Justiça do Ministério Público do estado de Minas Gerais. Quero aqui retratar fielmente a minha jornada no “mundo dos concursos”, sem inventar qualquer método infalível de estudos que tenha me levado à aprovação ainda jovem. Espero que alguns se identifiquem com a minha história e se sintam motivados a persistir em seus sonhos. 

Sou de São Francisco, uma cidade bem pequena do interior de São Paulo (três mil habitantes). Minha família é simples, meus pais são trabalhadores rurais, moramos num sítio. Estudei em escola pública, a única da minha cidade. Aos 17 anos decidi que queria fazer Direito e felizmente consegui, pelo ENEM, uma bolsa do PROUNI e fui estudar em Araçatuba/SP, na Unitoledo. Nessa época eu morava em república com outras estudantes. No começo foi muito difícil, eu não trabalhava e o dinheiro que meus pais tinham pra me sustentar era pouco. No segundo ano eu consegui um estágio em um escritório, ganhava 300 reais e com isso eu podia ajudar a pagar o aluguel e algumas despesas. Desde o primeiro dia que entrei na faculdade tive a certeza que iria me dedicar o máximo possível no curso, uma vez que eu via como uma grande oportunidade ter ganhado aquela bolsa e pensava desde já que apenas estudando muito eu poderia ter algum sucesso na vida. No terceiro ano fiz estagio no MPSP e no quarto e quinto ano fiz estágio no MPF, o salário era melhor e eu já conseguia comprar livros e ajudar mais com as despesas que eu tinha. De manhã eu ia à faculdade, à tarde, estágio (fiz amigos que me davam carona ou ia a pé mesmo), e a noite eu estudava. Eu sempre estudei além do que era lecionado na faculdade, nas férias eu também sempre estudava, nunca descansava. Desde o estágio no MPSP eu me apaixonei pela carreira de Promotor de Justiça e sabia que iria estudar para esse cargo quando me formasse. Me formei com Diploma de Mérito Acadêmico, o que foi uma grande recompensa para mim e mais uma motivação para persistir nos estudos. 

Iniciei os estudos para concurso em 2017, imprimi um edital para Promotor, montei alguns blocos de estudos apenas com as matérias básicas e usava uma doutrina por matéria, inclusive as mesmas doutrinas que eu já utilizava durante o curso. Nesse ano voltei a morar no sítio, advoguei o mínimo possível (apenas para alcançar a prática jurídica) e meus pais voltaram a me sustentar. O que eles podiam me oferecer era casa e comida, meu namorado ajudava com os livros. Estava tudo caminhando até que meu pai descobriu um câncer, à época ele tinha 73 anos e isso nos preocupou muito, fiquei uns quatro meses sem estudar, desanimada e com medo de tudo dar errado. Felizmente ele se curou e em 2018 eu retomei os estudos. 
Meu método de estudo era basicamente montar blocos de estudos de acordo com os pontos de edital, assim que terminava um bloco eu montava outro com novos pontos e assim sucessivamente. Sempre estudei por assuntos e nunca por divisão de matérias dia a dia. Após a leitura do tema na doutrina, eu fazia questões no QConcursos. Jurisprudência eu lia inicialmente pelo livro do Marcio de acordo com a matéria que eu estudava e depois passei a ler pelo buscador do Dizer o Direito, deixando o domingo para ler jurisprudência. Lei seca eu lia apenas de acordo com o que era citado na doutrina. Eu não tinha nenhum método de revisão, quando eu percebia que estava esquecendo um tema, eu o incluía novamente no bloco de estudos. Nesse ano também fiz meu primeiro concurso: MPMS, fiquei três pontos abaixo do corte. 
Em junho saiu o edital pra Analista do MPSP, estudei muito para esse concurso, com muito foco na leitura de lei seca para a primeira fase e revisão das partes grifadas da doutrina para a segunda. Em janeiro de 2019 fiz a primeira fase do concurso para Promotor do MPPR, meu namorado passou a me ajudar também com as despesas de viagem para fazer provas. Fui aprovada na primeira fase desse concurso e em fevereiro fiz a temida segunda fase de cinco dias em Curitiba. Em abril de 2019 recebi a notícia que fui aprovada em 2º lugar para Analista do MPSP, fiquei muito feliz com o sonho de ter a minha independência financeira e com um bom salário, porém, até hoje não tivemos nomeações na minha regional. Logo depois obtive a notícia da aprovação na segunda fase do MPPR e estava na prova oral, todavia minha inscrição definitiva foi indeferida porque eu não tinha três anos de formada. Fiquei chateada, mas sabia que não havia o que fazer a não ser continuar. 
Segui estudando, fiz MPSP e não fui pra segunda fase, porém não fiquei desanimada porque eu sabia que ainda não teria a prática jurídica. Prestei em outubro o concurso para Promotor do MPGO e em novembro, MPMG. Em Goiás passei pra segunda fase após a anulação da primeira prova e em Minas também passei pra segunda fase. Fiz a segunda fase de Goiás em janeiro de 2020 e a de Minas em fevereiro de 2020. Fui aprovada em Goiás, fiquei muito feliz por estar na prova oral pela segunda vez e com esperança de dar tudo certo, porém novamente minha inscrição definitiva foi indeferida em razão da contagem da prática ter sido feita a partir da data de inscrição na OAB, cujo prazo, dessa forma, eu apenas alcançaria em junho. 
O concurso do MPGO foi muito difícil e a sensação de ter passado na primeira e na segunda etapa e posteriormente obter o indeferimento foi frustrante. Graças a Deus logo depois eu tive a notícia da minha aprovação para a fase oral do MPMG, quase não acreditei naquela notícia dada por uma amiga, pois eu pensava que tinha certamente reprovado na segunda etapa. Fiquei muito feliz, ainda mais sabendo que agora fatalmente eu teria os anos de atividade jurídica, porém muito assustada por ter que enfrentar uma prova oral pela primeira vez. Me planejei, mas consegui revisar muito pouco, tive alguns problemas familiares e apenas fiz revisão de pontos principais de alguns livros. Eu fiquei psicologicamente abalada por não estar estudando muito e a sensação de não saber absolutamente nada só aumentava. Decidi fazer o curso pra prova oral com o Júlio, foi o único curso que fiz e certamente a melhor escolha. Mesmo sem estudar percebi que eu conseguia responder a maioria das perguntas e ele me deu muita confiança de que eu me sairia bem. Nos dias anteriores à prova eu fiquei muito insegura por conta da informação que a prova seria transmitida em tempo real no Youtube. Todavia, com a força de amigos e também do Júlio consegui enfrentar essa fase! No dia da minha arguição me senti muito agradecida em poder sentar naquela cadeira para responder as questões e um orgulho de ter superado os desafios que a vida me apresentou no caminho até aquela fase. Saber que vim de um lugar tão humilde e de uma família tão alheia ao mundo jurídico e mesmo assim chegar ao nível de fazer uma prova oral para Promotor foi indescritível. 
Como muitos de vocês devem ter visto, a banca do MPMG era uma banca altamente qualificada, amistosa, educada, conscientes do nervosismo dos candidatos naquela fase. Dia 30 de julho de 2020 obtive a notícia da aprovação na fase oral e que estarei, em breve, Promotora de Justiça no parquet mineiro. A sensação da aprovação é maravilhosa e única. Peço a todos que não desistam dos seus sonhos, pois todos aqueles que estudam verdadeiramente são merecedores dessa sensação e mais cedo ou mais tarde ela chega àqueles que não desistem. Quando pela primeira vez vi o edital do MPMG pensei que nunca seria aprovada para Promotora no estado de Minas Gerais, o vasto conhecimento exigido em direito processual e material coletivo parecia tornar esse concurso impossível para mim e vejam, quase um ano depois, estou aqui entre os 48 aprovados do concurso público. Agradeço muito à minha família que apesar de não compreender coisas tão complexas referentes a concursos públicos me apoiou incondicionalmente e sonhou comigo meu sonho, ao meu namorado por ter tornado esse sonho possível e aos amigos queridos que seguraram minha mão nessa batalha. Agradeço ao Júlio pelo curso e pela oportunidade de contar a vocês a minha história. 

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

2 comentários:

  1. Eu vi sua manifestação no final da arguição e fiquei profundamente emocionado. Meus parabéns. Foi magnífica.

    ResponderExcluir
  2. obrigado por compartilhar sua história, motivação pura.

    ResponderExcluir