Trago hoje a trajetória de Marcela Martiniano, aprovada para juíza do TJSP (concurso 188). O relato da Marcela evidencia a importância de saber identificar as vulnerabilidades. Fazendo questões com a memória mais falha, teve diagnóstico seguro de onde precisava melhorar e, com isso, teve melhoras significativas nas provas objetivas. Além disso, soube manter a estabilidade emocional, contando muito com a ajuda dos amigos. Esse ponto é muito relevante, pois o isolamento completo pode atrapalhar muito, ampliando a pressão exageradamente. Agradeço muito pelo relato, Marcela! Muitas felicidades na carreira!
No dia da divulgação do resultado do concurso, recebi dezenas de mensagens de pessoas com quem convivi na infância, dizendo o quanto estavam felizes por mim, já que desde pequena eu falava pelos cantos que meu sonho era ser juíza.
Esse sonho foi amadurecendo e se fortalecendo em mim a cada passo da minha vida, sobretudo porque acompanhei de perto dificuldades relacionadas a questões jurídicas da falência da empresa da minha família, na cidade de Franca (interior de SP). Com isso, eu sempre tive certeza de que, ao terminar a faculdade, eu me dedicaria integralmente a alcançar esse sonho.
Eu me graduei na USP (Sanfran) em 2015, e lá conheci o maior suporte que eu tive durante a trajetória dos estudos para o concurso: meus amigos (vou falar sobre isso mais à frente).
Comecei os estudos em 2016, um tanto perdida sobre métodos, com muitas dúvidas, que na verdade me acompanharam do começo ao fim (já que a cada fase um "mundo" diferente se abre). Fiz cursos preparatórios para a primeira fase que não continham vídeo-aulas, pois sempre preferi estudar lendo, fazendo anotações e exercícios desde o início (o que é muito pessoal).
Sobre isso, queria destacar que a insegurança sobre o método é algo constante, e natural, acredito. Nunca sabemos se estamos trilhando o caminho certo, até começar a ver o resultado dos simulados, provas, etc, mas houve uma técnica que adotei (por alerta de uma querida amiga) que se tornou um divisor de águas na minha preparação: o momento de treinar questões.
No começo dos estudos, não tinha muita bagagem, principalmente de lei seca, e, por isso, fazia questões somente após ter estudado o conteúdo. Continuei com esse método até perceber que eu não estava indo bem nos simulados. Isso porque a resolução de questões tendo a matéria "fresca" na cabeça dá uma falsa sensação de domínio do tema.
Então, depois de já ter visto o edital inteiro uma vez, eu inverti a ordem do método. Comecei a treinar questões antes de estudar o conteúdo, pois, assim, trabalhava minha memória para resgatar informações que não via há meses (que, afinal, é o que acontece nas provas). E isso eu fiz até estudar o edital inteiro 4 ou 5 vezes.
Essa é uma dica simples, mas que gostaria de ressaltar, porque a partir de então eu tive uma evolução exponencial nas provas de primeira fase, que são a maior barreira em termos de concorrência.
Mas a dica mais importante é outra.
Durante minha preparação, como muitos, abdiquei de tudo. Tudo mesmo. Vida social, familiar, e até da minha saúde. Só trabalhava e estudava, incessantemente.
Eu tinha, porém, o suporte e a companhia da minha família, sempre, e dos meus amigos, que estavam "no mesmo barco". Ter amigos que trilham o mesmo caminho foi essencial pra que eu tivesse sempre força pra mais um dia de estudos. Nas reprovações, nos momentos de tensão e ansiedade, nos pós-provas, na divulgação de gabaritos, resultados, sentir compreensão e consolo de quem verdadeiramente sabia o que eu estava passando foi nada menos que fundamental.
Criamos um grupo no Whatsapp, que existe até hoje, no qual colocávamos questões em formato de verdadeiro ou falso, intercaladas com doses de bom humor, rs. Isso também ajudou muito na preparação.
Sei que nem todos têm amigos que também estudam pra concurso, mas segurar a mão em alguma coisa, na fé, na família, no sonho, ajuda muito e torna a trajetória menos árdua.
Diante de tantas histórias inspiradoras já contadas aqui na página, essas eram as mensagens que queria transmitir e agradeço imensamente ao Júlio por essa oportunidade, pois muito aprendi lendo os depoimentos de aprovados ao longo da preparação, e queria tentar retribuir de alguma forma.
Por fim, tenho que dizer que todo o esforço, renúncias e dedicação valeram a pena, pois realizar um sonho dessa dimensão é inexplicável. Além da minha felicidade pessoal, ter presenciado a emoção dos meus pais com a aprovação foi um momento que eu vou guardar pra sempre.
Fortaleçam-se naquilo que os conforte, resistam às dificuldades. A aprovação é questão de tempo e perseverança. Confiem :)
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