Fases do concurso - Prova oral - Parte 16 - Breve análise de minha prova oral no MPF (áudio no BLOG)

By | janeiro 30, 2020 Leave a Comment

No blog, há uma aba “áudio de prova”, na qual disponibilizei vários trechos da minha prova oral no MPF, na qual tive a enorme honra de conseguir o 1º lugar. 

Ouvindo o áudio, é possível perceber, por ex., que a primeira pergunta, além de ser aberta, teve a sinalização da examinadora para desenvolver “um raciocínio mais amplo... e se ficar difícil você me avisa” (0’36’’). Isso é um claro indicativo de que o examinador não espera espelho, mas sim capacidade de articular as ideias.  

Na resposta, aposto em alguns traços de eloquência. Além do início SEM silêncio prévio, fiz várias construções em sequência (1’23’’): “com a série de desigualdades, com o advento do marxismo, [...] o influxo de diversos sistemas, a escola do direito livre de Ehrlich, a interpretação teleológica de Ihering – que acrescentou à gramatical, lógica, histórica e sistemática de Savigny – [...]”. Tais construções foram feitas (i) sem a explicação de cada ideia e (ii) a partir de construções frasais simples (vírgulas e sem grande complexidade em termos de concordância verbal e nominal), o que, por si só, facilita o acesso à informação e tem o efeito no auditório de grande fluidez de ideias. 

No 10’20’’, a resposta é criativa, com base em analogia, porque o examinador claramente problematiza o tema e quer perceber capacidade de pensar sobre o assunto (e não necessariamente uma posição do STJ). No minuto 12’55’’, o contexto evidencia que não há espaço para falar muito (como ilustra a fala do examinador sobre a minha fala), de modo que a resposta começa e finaliza com grande velocidade. Na pergunta sobre diversos aspectos do IOF (15’45’’), começo com fala bem simples, dizendo uma obviedade não indagada ANTES de responder (que “é um imposto federal”), o que produz alguns efeitos, estudados na Teoria dos Atos de Fala, como, por ex., o ganho de confiança e acesso ao tema.

O que quero dizer nessa breve análise é que, reforçando o que já comentei, o examinador escolhe a música e nós apenas dançamos: se vai interromper ou não; se a pergunta é criativa/crítica (a exigir capacidade de produzir insights e ser razoável, como ocorre em perguntas sobre casos concretos e problematizadoras) ou de memória; se admite ou não a expansão da resposta, com desenvolvimento; se vai dar feedback positivo (como ocorreu no final do meu áudio) ou se vai ser apático/indiferente etc. A grande semente do congelamento na prova oral (efeito freeze) é colocar a estabilidade emocional naquilo que não controlamos, como, por ex., nas escolhas do examinador. 
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