Muitas pessoas me perguntam se é mesmo necessário fazer curso de prova oral. Isso me parece depender de algumas variáveis.
Em primeiro lugar, a prova oral exige mais treino do que as fases anteriores em razão da AUSÊNCIA DE COSTUME de sermos avaliados, sob pressão, AO MESMO TEMPO em que executamos a prova. O treino com os colegas tem, sim, o condão de neutralizar essa estranheza e de automatizar processos de verbalização de raciocínio.
Superada a estranheza, a oratória é um saber PRÁTICO, ie, é melhor internalizado com a prática. No entanto, assim como outros saberes práticos, a habilidade é potencialmente ELEVADA à medida que está associada a alguma técnica que ajude a CONSTRUIR BONS RACIOCÍNIOS.
Firmadas tais premissas, entendo que o candidato que (i) já tenha prática de falar em público e/ou (ii) consiga construir, SEM preparação prévia e sob PRESSÃO, bons raciocínios NÃO precisa fazer cursos e pode tranquilamente se contentar com treinos com colegas e/ou com a prática profissional. Falo por mim mesmo: antes de fazer a prova oral do MPF, era/tinha sido juiz no TJSP/TJRS e não tinha tempo para treinar, mas a prática em cenários formais (como audiências) me trouxe bom timing para a prova.
Em todo caso, optando por fazer cursos, vale a pena analisar (i) o quão INDIVIDUALIZADO é o atendimento (mutatis mutandis, ninguém aprende adequadamente natação com 1 professor para 30 alunos na piscina) e (ii) se o curso é focado mesmo no aspecto TÉCNICO (ao invés da imposição de modelo de postura com meros simulados), com adequada formação na área (e não mero fruto da “maximização” da própria experiência de aprovado).
A sedução pelo dolus bonus de “produzir” o 1º lugar é bastante ilusória! Como prof. da área há pouco tempo, tive alguns alunos em primeiro lugar e não fiz publicidade do ponto não só por me parecer soberba imaginar que um final de semana tenha sido a principal causa, mas sim porque me vejo apenas no papel de TIRAR amarras para melhor explorar o conhecimento DO aluno. O preparador físico do Messi, por ex., não é o responsável pelo título de “melhor do mundo”, mas tem o papel de auxiliá-lo a ter condições físicas de usar toda a sua genialidade.
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