Uma grande insegurança na prova oral é de não saber, com precisão, certo conteúdo. Na verdade, esse receio SÓ se faz presente na prova oral, porque, nas fases ANTERIORES, as pessoas não se lamentam de chutar uma alternativa na objetiva ou ter imprecisão em algum ponto na prova subjetiva. Afinal, sem marcar (na prova objetiva) e/ou sem escrever (na prova subjetiva) NÃO se ganham pontos, porque não haverá substrato a ser valorado.
Aliás, não há nenhum Pontes de Miranda entre os concorrentes! NÃO existe alguém com 100% de precisão, que sabe todos os requisitos de tudo: do codicilo às especificidades do recesso forense na lei de locações. Tanto é assim que ninguém gabarita a prova objetiva, que é justamente aquela que mais afere PRECISÃO de memória!
Apesar disso tudo, há grande incômodo com imprecisões ou falhas de memória por parte dos candidatos. Eu, por ex., falei “não me recordo sobre o ponto, mas...” em algumas oportunidades e nem por isso deixei de conseguir boa pontuação ou até “fechar” a arguição com o respectivo examinador da pergunta. Se conseguisse, ao invés de trazer o “não me recordo”, construir uma resposta razoável, apresentava-a AINDA que não viesse de uma memória prévia de lei/doutrina/jurisprudência. Afinal, muitas vezes a banca SEQUER quer saber o que o STJ pensa, mas sim como o candidato entende aquele tema. Há examinadores que, inclusive, advertem o candidato no sentido de que “não querem saber o que fulano ou STJ pensa(m)”, mas sim como ele, candidato, entende o tema.
O desejo de controlar aquilo que está fora de nosso alcance, como o nível de especificidade ou dificuldade da pergunta, é a grande semente da insegurança e do congelamento. O candidato que assim age passa a se abalar para as perguntas seguintes, ainda que fáceis, dificultando a manutenção da confiança e a fluidez das informações. As perguntas impossíveis (sobre o conteúdo do AI-2, cobrada no TJSP; como funciona a assistência jurídica gratuita no Japão, indagada na DPE-RS; o nome da 1ª cidade do Brasil bombardeada, feita no TRF-3) são questionamentos que “fisgam” quem só consegue manter assertividade no conforto decorrente do ato de gabaritar a questão.
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