Fases do concurso - Prova oral - Parte 11 - O falar pelo gênero e outras condutas que cansam a banca

By | janeiro 13, 2020 Leave a Comment

No mercado, existem poucas orientações que saem do aspecto formal para adentrar no plano da técnica (estrutura da fala ou raciocínio), valendo citar a ideia de falar pelo “gênero”, que costuma ser exortada para a hipótese de não saber o tema (ocasião em que se "tangencia" o assunto), DIFERENTEMENTE do caso em que se sabe e se desenvolve após a resposta (espécie para gênero).

Sucede, todavia, que o ato de “falar pelo gênero”, desde a sofística, está associado ao cansaço que provoca no interlocutor. Não adentrar no núcleo do que foi indagado e/ou demorar para alcançá-lo gera o visível efeito de irritação nas bancas, que, em geral, tendem a cortar os candidatos, instando-os a serem mais respeitosos/objetivos. 

Nos diálogos de Platão, como “A República”, Sócrates buscava, por maiêutica, raciocionar “degrau por degrau”, o que, inevitavelmente, fazia com que as conclusões demorassem a aparecer, cansando o interlocutor (no caso, o sofista Trasímaco). Esse mesmo cansaço do auditório é verificado no Zaratustra de Nietzsche. Atento a isso, o marketing de vendas busca captar logo a atenção do interlocutor, tal como ilustra o grande êxito de livros de autoajuda, cuja proposta é anunciada bem rapidamente. 

Trazendo isso para a prova oral, é importante enfrentar rapidamente o que foi indagado e desenvolver posteriormente, de modo (i) a evitar a interrupção/impaciência do examinador e (ii) a diminuir a chance de esquecer a pergunta. Caso não saiba, é possível responder com base no que parece mais razoável. Se ainda assim nada adveio, basta dizer que não sabe o ponto, desenvolver na sequência e, caso surja a resposta, apresentá-la como um “aditivo” no meio/final do desenvolvimento. 

Esse “fair play”, aliás, é INOBSERVADO em outras condutas que irritam as bancas, como o ato de inventar correntes (que já ensejou repreensão de examinandos), de blefar e de falar à exaustão, MESMO ante sinais (extra)linguísticos do examinador para encerrar. Tais condutas, além de minar a reputação do orador (chamada de “ethos” na Retórica de Aristóteles), têm o condão de atrair uma comunicação adversarial (communication against), desfiando o examinador e podendo prejudicar a avaliação.


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