Parâmetros para lidar de maneira eficiente com os custos financeiros na preparação para os concursos - Por Abby Ilharco

By | outubro 03, 2019 1 comment



No concurso, a disponibilidade financeira cria algumas limitações não só relacionadas à compra de materiais ou contratação de serviços, mas também limitações de escolhas de concursos a serem feitos (como a decisão de não fazer determinada prova porque o preço da passagem está caro). Uma prova do concurso até a aprovação, somando prova objetiva, subjetiva, inscrição definitiva e oral, pode levar muito dinheiro, sobretudo para quem tem custos com deslocamento e hospedagem. Nesse panorama, as dicas e insights trazidos pela sempre brilhante Abby Ilharco, juíza federal, certamente serão bom norte para muita gente. Como bem lembrou a Abby, hoje a internet pode facilmente aproximar as pessoas, viabilizando, por ex., o rateio de um quarto na hospedagem. Muito obrigado pelas excelentes lições, Abby!

OPS. ESSE TEXTO NÃO É SOBRE COMO CHEGAR AO SEU PRIMEIRO MILHÃO.

Quem se prepara para concursos e se dispõe a prestar certames pelo país afora sabe que os custos financeiros com a preparação são um fator de peso considerável na equação até a aprovação. Há custos com inscrições, passagens, hospedagem, cursos, livros e materiais atualizados, e por aí vai.

Como alguns custos são inevitáveis, o que se deve buscar é a eficiência, em seu sentido econômico mesmo: máximo de resultado com o mínimo de dispêndio.

Portanto, esse texto não é sobre como ter mais dinheiro. É sobre como fazer aquilo que está a seu alcance e alcançar os mesmos resultados de quem tem mais do que você.

Compilei aqui algumas dicas que de que eu me vali muito ao longo da minha trajetória.

1 –  Separe tempo e disposição para selecionar materiais por onde começar.

Parece-me ser um princípio universal que compras por impulso costumam terminar em um amontoado de coisas de que não precisamos. Isso vale para o âmbito dos concursos também.

Ser seletivo é uma enorme economia de recursos tanto financeiros como mentais. Ainda que você tivesse dinheiro de sobra para comprar todos os cursos, materiais e livros que existem, não teria tempo para realmente absorver tanta informação e provavelmente só se sentiria sobrecarregado(a) e frustrado(a).  Comprar todos os cursos que vê pela frente não é nem de longe garantia de aprovação. O resultado vem da responsabilidade e do compromisso com que se administra o que se tem.

2 - Jamais compre um livro por pura indicação, sem ter lido algumas páginas.

Dica para quem não dispensa a leitura. O conteúdo é importantíssimo e não sugiro que abra mão dele. No entanto, é fato que um livro com estilo de escrita confuso ou enfadonho não servirá de nada se for abandonado na estante. Portanto, abra-o e certifique-se de que a linguagem do autor dialoga com você. Mesmo em casos de compras pela internet, algumas editoras disponibilizam o primeiro capítulo ou algumas páginas do livro.

3 – Converse com quem ontem passou pelo caminho que você trilha hoje.

A conversa com recém aprovados é uma excelente fonte de informação sobre o que vale à pena e o que não vale. Descubra que cursos a pessoa fez para que fases, como ela estudava, por quanto tempo estudou. A opinião de quem fez determinado curso vai ser mais profunda e esclarecedora do que a propaganda que exibe apenas um número de aprovações. E claro, não é preciso copiar exatamente igual: pegue tudo, sopese pros e contras e faça uma receita só sua.

A troca de experiências em grupos de estudo (presenciais ou virtuais) também pode ser proveitosa. Ali você pode colher opinião de pessoas que estão em estágios diferentes nos estudos e aprender muito. Apenas cuide para dosar as interações e para não ser consumido por avalanches de excesso de informações. Eu sempre preferi grupos mais quietos, pois me davam segurança de que algo falado ali era realmente importante.

4 – Conheça o seu perfil e aprenda a ter autonomia depois de reunir o básico.

O autoconhecimento é vital para bem viver e também tem um papel fundamental para o avanço nos estudos. Videoaulas podem funcionar muito bem para pessoas auditivas. Já se você percebe que seu ritmo é muito mais rápido quando está sozinho(a) com o material escrito, as mesmas videoaulas podem ser uma perda de tempo. Descubra como você aprende melhor e busque materiais e cursos que se adequem ao seu perfil para montar seu próprio material de estudos. Repito o que acabei de dizer: busque aquilo que se adéqua a você e não o contrário.

A forma de reunir conteúdo suficiente é o que menos importa. Pode ser o seu caderno digitado, impresso ou escrito à mão. Pode ser um monte de livros apenas estrategicamente grifados e com anotações marginais com acréscimos tirados da jurisprudência. Pode ser um vade mecum cheio de rabiscos e remissões que são inteligíveis apenas para você.

Depois de ter reunido um material básico que pode chamar de SEU, ele será o seu maior aliado. Nesse ponto, confie no que você construiu e não dependerá de novas fontes senão para pontuais atualizações. 

Se tiver alguma dúvida nesse tópico, por favor procure alguns dos muitos posts que o Júlio já escreveu sobre o assunto.

5 – Encontre soluções criativas para a redução de custos

Esse tópico é de muita valia em tempos de recursos financeiros limitados e acredito que seja útil enumerar alguns exemplos.

- Ser seletivo(a) (dica 1) é um ótimo começo. A seletividade vale tanto para a aquisição de cursos e materiais quanto para a escolha de que concursos prestar (o que também tem reflexos em termos de custos financeiros). Tenha o seu concurso ideal em mente e preste provas para carreiras afins ou que tenham muitas matérias de estudo em comum. Atirar para todos os lados é desperdiçar munição.

- Se ainda não tem o tempo de prática jurídica que o concurso requer ou se não atingiu um nível minimamente competitivo, invista nos simulados feitos em casa (custo praticamente zero) ou comece fazendo provas aplicadas na sua cidade ou Estado.

- Analise se a sua falta de recursos não pode ser resolvida com uma análise sincera da sua ordem de prioridades. Reflita sem julgamentos. Se não estiver sob seu controle aumentar seus rendimentos de maneira imediata, sempre é possível diminuir gastos. Se você pretende passar os próximos meses ou anos estudando, provavelmente poderá deixar para depois a renovação do guarda roupa, uma pintura da casa, ou até mesmo pequenos luxos.

- Corra atrás e descubra se o que você quer não pode ser trocado pelo seu trabalho. Por exemplo, você pode trabalhar como monitor ou assistente de um curso em troca do acesso ao conteúdo de aulas relacionadas à carreira da sua vocação.

- Encontre um parceiro de concursos com personalidade tranquila e com quem tope dividir hotel e transporte até as provas. Eventualmente terão memórias divertidas para contar depois da aprovação.

Como disclaimer, escrevo consciente de que tive minha parcela de privilégios na vida, no sentido de que nunca me faltou o necessário e de que meus pais se esforçaram muito para que os filhos estudassem com tranquilidade.

Ainda assim, também precisei economizar. Paguei boa parte da minha pós-graduação em troca de trabalho, morei na casa de uma amiga por uns meses enquanto equilibrava situações difíceis da vida pessoal... No fim das contas, isso me proporcionou uma série de histórias engraçadas, como me hospedar em alguns lugares que deixariam minha mãe muitíssimo preocupada, ou até dormir no sofá do apartamento de um amigo de uma amiga em uma das fases do certame para o qual acabei aprovada no TJ-RS.

A partir de todas as experiências vivi e dos relatos de pessoas que saíram de berços ou cenários muito mais improváveis do que o meu, sei que a escassez de dinheiro não é uma barreira intransponível para a aprovação. Sinceramente? Nenhuma barreira o é.
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Um comentário:

  1. Sensacional, Abby. Obrigado! Parabéns, Júlio, por disponibilizar essas dicas essenciais. Feliz 2020!

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