No meio dos concursos, existem aprovados que, de forma bem peremptória, ditam rumos do que deve ou não ser feito, porque passaram “sem nunca” ter executado certa tarefa, como a leitura de certa lei ou livro. Sem entrar no mérito das intenções por trás disso, penso que a “maximização da experiência” é algo metodologicamente frágil, porque não leva em conta as variáveis às quais foi submetido e aquelas a que estão sujeitas outras pessoas.
Metaforicamente, basta imaginar um time que foi campeão de uma competição. Suponha que o artilheiro do time, indagado em entrevista como foi sua preparação, tenha dito que focou na parte física, não tendo “treinado pênaltis”. Dali em diante ele passa a recomendar a outros atletas que é desnecessário treinar pênalti, pois assim ele foi campeão. Ocorre que, na competição em que se sagrou vitorioso, não ocorreu nenhum pênalti! De fato, para ele e NAQUELE contexto, foi irrelevante a habilidade. Isso, evidentemente, não quer dizer que, para outras competições, a habilidade no pênalti não possa ser decisiva.
Feita a metáfora, falo de minha experiência. Eu tirei notas muito ruins nas duas questões subjetivas de Constitucional do MPF, porque elas se baseavam em manifestações da examinadora publicadas no site da instituição e que eu nunca tinha lido. Eu logrei aprovação porque, nas outras questões e peça, obtive boas notas e “compensei” o prejuízo. Isso não quer dizer que seja “irrelevante” ler as manifestações da examinadora: eram sim, porque valiam 20% daquele bloco da prova!
De igual modo, na prova dissertativa do TJSP 187 – que disponibilizei aqui -, houve a cobrança de nível mais alto em teoria da constituição. A questão era, além disso, “decisiva” para lograr aprovação (valendo 4 de 10). Quem passou em concurso SEM essa exigência PODE, maximizando, sustentar que em Constitucional bastam resumos simplórios, ler os “artigos mais cobrados” da CF e fazer questões. No TJSP 187, a vulnerabilidade seria enorme!
Assim, a fim de não incorrer em “perda de uma chance de ser aprovado” em razão de maximização alheia, sempre busquei adotar como hábito um certo “distanciamento saudável” de “gurus” que prescrevem e proscrevem demais.
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