Fases do concurso - Prova objetiva - Parte 4 - A sorte as (in)abilidades avaliadas

By | julho 02, 2019 Leave a Comment



No meio dos concursos, é comum ouvir que a aprovação vem quando “a prova te escolhe”, o que poderia ser sinônimo de “sorte”. A partir de uma leitura um pouco mais pragmática e cética, a qual afasta interpretações “hipostasiadas” – que partem da premissa de que a prova tem uma “vontade” que se amolda a nossos desejos –, é possível compreender esse inegável fenômeno de uma pessoa, normalmente distante do corte, conseguir, em determinada prova isolada, a aprovação para a prova subjetiva.

Penso que cada um de nós tem diferentes níveis de competitividade. Para usar da metáfora, é como se fosse um “skill”/habilidade em determinado jogo: o player tem em certo skill 18 de 20 possíveis, 8 de 20 em outro item e por aí vai. Nós temos diferentes níveis em cada ramo e em cada fonte (é forte em jurisprudência, mas fraco em legislação de ambiental, por ex.).

A prova “escolher alguém” significa cobrar o nível de profundidade que acompanha as nossas maiores habilidades e deficiências. Por ex., sendo fraco em legislação ambiental, as questões cobradas foram também fáceis (como as letras da CF), permitindo alto grau de acerto (por ex., nível 8). No caso, o “primeiro escalão” da concorrência conseguiria manter praticamente o mesmo nível de acerto se fosse aprofundado o nível de cobrança no tema (de nível 8 para 15, por ex.), mas a profundidade da prova, “por sorte” daquele com nível mais “superficial”, não teve essa exigência.

Por isso, não é tão raro identificar pessoas que conseguiram, em determinada prova, uma excelente nota ou muito próxima do corte, mas, em outras provas da mesma carreira, não mantiveram o mesmo desempenho. Essa constatação é excelente para identificar pontos vulneráveis, isto é, às vezes o leve aumento do nível de profundidade em certo ramo é suficiente para perdermos muitos pontos, ao passo que, para outros candidatos, essa oscilação não impacta tanto.

Assim, penso que a prova “não escolhe” o candidato. Apenas deixa, eventualmente, de filtrar vulnerabilidades e cobra, nos pontos em que o aluno está mais preparado, com maior nível de profundidade, o que reflete na nota e na eventual aprovação.
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