Trajetória nos concursos - A conciliação com a advocacia - André Elias Atalla

By | abril 13, 2019 Leave a Comment


Trago a história do amigo André, que é juiz do TJRS. O André foi, antes de ser aprovado para a magistratura, advogado atuante. E isso - além de trazer o desafio de conciliar com os estudos para concurso - acabou, ao final, por fortalecer um atributo fundamental para uma boa magistratura: a capacidade de olhar do outro lado, de ter empatia. E isso André, que é uma pessoa incrível, tem de sobra! O relato deixa claro ainda que, mesmo que não se obtenha a aprovação, o estudo para concursos jamais será um tempo jogado fora, pois ganhar conhecimento sempre é algo bom. Muito obrigado, André!  


Saudações, amigos!

Meu nome é André Elias Atalla, sou Juiz de Direito no Estado do Rio Grande do Sul, onde tive o privilégio de conhecer o Júlio após uma de suas diversas e notáveis aprovações.

Por saber que muitas pessoas que almejam um cargo público não têm disponibilidade para se dedicarem de modo exclusivo aos estudos, me sinto honrado em poder contribuir para o êxito de cada um de vocês contando um pouco da minha trajetória após anos conciliando a preparação para concursos públicos com o exercício da advocacia privada.

Primeiramente, devo dizer que meu objetivo ao cursar a faculdade de Direito sempre foi trilhar uma carreira no serviço público. Ao longo do curso de graduação, me inclinei para tentar a Magistratura, razão pela qual logo que a concluí me matriculei em curso voltado especificamente para a aprovação nos concursos estaduais respectivos. Tive a oportunidade nesse momento de apenas estudar, tendo frequentado as aulas diárias no turno da manhã e estudado durante as tardes.

Acreditava naquele ponto que a aprovação não tardaria. Cheguei até mesmo a estimar a data da minha aprovação, sendo esse meu primeiro grande erro.

Ao estabelecer um “prazo” para a conquista do meu objetivo, criei o problema de ter que lidar com sua expiração, já que, obviamente, não passei no curto período que previa. A frustração dessa expectativa me trouxe bastante ansiedade e, em certa maneira, perda do foco, pois deixei de fazer apenas o concurso que queria para tentar outras carreiras igualmente dignas, porém com editais cobrando matérias bem distintas daquelas exigidas pela Magistratura estadual. O que poderia parecer ser o aumento do leque de oportunidades na verdade significava o distanciamento da aprovação, pois é impossível abraçar concomitantemente temas tão vastos e distintos.

Para quem já trabalha, portanto, considero um equívoco não focar em uma carreira específica. Se o tempo é mais restrito do que o de que muitos concorrentes que apenas estudam dispõem, entendo ser importante que também sejam limitados os temas a serem estudados. Estudar para Delegado da Polícia Civil e para Procurador do INSS ao mesmo tempo, por exemplo, significa estudar duas vezes mais que os demais candidatos, com a metade do tempo disponível. Apenas quando percebi o que parece óbvio meu desempenho voltou a melhorar.

Sobre minha carreira de advogado, foi bastante difícil no início, pois acordava às 6h para ir trabalhar e só chegava em casa às 22h, de segunda a sexta. Contudo, as dificuldades de toda ordem que meu primeiro emprego me apresentou serviram para me motivar mais ainda para buscar alcançar minha meta.

Estudava no ônibus, no metrô, onde quer que eu não estivesse efetivamente trabalhando. Nos finais de semana, por estar esgotado, procurava descansar. Contudo, olhando para trás, vejo que era um estudo de péssima qualidade, com baixo proveito e pouca memorização. Certamente seria melhor se eu tentasse relaxar no itinerário casa-trabalho e, com a cabeça fria, sem distrações e no conforto da minha sala, estudasse nos sábados e nos domingos.

Posteriormente, abri o meu próprio escritório de advocacia, primeiramente a exercendo de modo unipessoal, para em seguida me associar a um amigo advogado, o qual possuía outros clientes fixos e, portanto, diversos interesses a patrocinar, centenas deles judicializados. Embora nunca tenha deixado de estudar para ingressar em uma carreira jurídica de Estado, foi um momento em que me deparei com novas dificuldades para atingir tal objetivo, pois a advocacia passou finalmente a me dar perspectivas de satisfação pessoal e de retorno financeiro.

Mesmo com uma rotina menos exaustiva do que a anterior, não foi fácil manter o ritmo de estudos nas horas vagas e nos finais de semana, mas encarava tudo como investimento profissional, pois caso não fosse aprovado, aproveitaria todo aquele conhecimento no meu trabalho como advogado. E isso me ajudou bastante a não deixar de estudar.

No final, vi que toda minha determinação e minha persistência foram recompensadas, pois fui aprovado justamente na carreira que eu queria seguir. Para quem já possui um trabalho mas não desistiu de tentar um concurso público, é evidente que tais atributos se fazem necessários, já que os resultados não vêm a curto prazo.

Por isso, deixo uma dica: valorizem cada pequena vitória como a própria aprovação. Cada desempenho melhor, cada nota mais alta em determinada disciplina, uma classificação para a segunda etapa de um concurso, tudo deve ser comemorado. São estes os sinais de que você está no caminho certo e de que o sonho está mais próximo.

Espero ter contribuído para lhes mostrar que é possível obter a aprovação mesmo exercendo a advocacia de forma atuante, ou mesmo qualquer outro trabalho que consuma metade de seu dia ou mais. Desejo a todos o sucesso que buscam e que apenas os aguarda logo à frente!

André Elias Atalla

Juiz de Direito




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