Trajetória nos concursos - André Rios Gomes Bica

By | fevereiro 25, 2019 1 comment



Compartilho hoje a história do André, que é Procurador da República e um grande amigo de lotação. A história é de admirável foco na carreira do MPF, que o fez abrir mão de alguns concursos já em fase adiantada. André é um excelente procurador, profundamente focado e técnico, conseguindo inspirar todos ao seu redor. O MPF ganha muito com sua presença!!! Obrigado mesmo, André!


Olá a todos, meu nome é André, Procurador da República e colega de lotação do Júlio em Cáceres/MT.
Bom, inicialmente quero registrar minha admiração pelo colega, completamos 1 mês de lotação e já aprendi muito com o Júlio, que além da bagagem intelectual, compartilha a experiência dele na magistratura para implementarmos uma visão holística e eficiente aqui na PRM. Então fica a dica, acompanhem as postagens no instagram, e para a galera da prova oral pode ir com fé que o cara é sinistro.
Dito isso, veio o pedido para falar um pouco da minha trajetória de concursos, e decidi contar também um pouco das lições que tirei ao longo desse caminho, e em especial dos erros cometidos.
Concluí a graduação no final de 2013, e efetivamente comecei a estudar para concursos em 2014. O objetivo final sempre foi MPF, mas o que fazer antes, enquanto cumpria os 3 anos de prática jurídica?
Aqui foi o meu primeiro grande erro, não tracei uma estratégia e comecei a estudar por conta própria e fazer concursos de defensoria conforme eram lançados os editais, como foi o caso da DPE/PR (2014) e da DPE/RJ (2015/2016), concursos em que cheguei perto, mas faltou preparação específica para chegar na prova oral. A partir de então, reavaliei a minha estratégia, e como me aproximava dos 3 anos de prática, decidi focar unicamente no MPF e parei de fazer outras provas nesse período, o que viria a considerar um erro.
Com a abertura do edital do 29o CPR, percebi que não podia contar só com uma prova, e decidi fazer as provas que viessem depois, mas sempre estudando com base no edital do MPF. Assim, me inscrevi na DPE/PR (2017) e no MP/MG (2017).
Com a suspensão do 29o CPR de 2017 até 2018, comecei a trabalhar como assessor jurídico na PR/RJ, o que limitou ainda mais meu tempo de estudos, que já não era integral, pois fiz Residência Jurídica na PGE/RJ entre 2015 e 2017. Mesmo com a preparação voltada para o MPF, fui aprovado na DPE/PR e reprovado na prova oral do MP/MG, a mais dolorosa das minhas reprovações.
Em 2018, com a retomada do 29o CPR, continuei 100% focado no MPF, chegando a abrir mão das segundas fases dos concursos dos TRFs 2 e 3 para não perder dias de estudo, e a segunda prova do MP/RJ, que caiu no mesmo final de semana das discursivas do MPF. Também fiz pela segunda vez o concurso do MP/MG (2018), certame em que cheguei novamente na prova oral, mas da qual abri mão pois já fora aprovado no concurso que sempre quis.
Acabei me alongando um pouco na minha trajetória, pois queria usá-la para ilustrar as lições que tirei:
1. Foco – a palavra foco é muito banalizada nos meios concurseiros, entoada como um mantra “força, foco e fé”. Foco para mim não é isso, foco é pensar em quais são seus objetivos de curto, médio e longo prazo, e qual a melhor forma possível de alcançá-los. Acredito que adotar um edital como base, ou mesmo mais de um para quem quer conciliar carreiras estaduais e federais, concentrando nas matérias comuns é muito melhor que ficar pulando de edital em edital como fiz inicialmente.
Vejam, o concurso do MPF foi o único concurso para o qual eu comecei a estudar especificamente antes de lançarem o edital (e foram só uns 6 meses), e acabei sendo aprovado em 3o lugar. Em algum dos concursos que perdi por pouco, poderia ter sido aprovado se tivesse planejado de forma adequada. Se eu tivesse, após a graduação, focado diretamente na DPE/RJ (por ser meu estado e uma das mais bem estruturadas defensorias), teria uma chance de aprovação muito maior.
O nível dos concursos atualmente é muito alto, e é muito comum ser cobrado dos candidatos conhecimentos internos da instituição, como notas técnicas, pareceres, enunciados de órgão internos, de forma que a preparação específica é crucial.
Por fim, a preparação específica para algum concurso em especial não te impede de fazer outras provas, mas eu evitaria fazer provas que fujam muito do seu foco.
Avaliem se as estratégias e métodos adotados estão funcionando, o que pode ser melhorado, quais deficiências precisam ser sanadas, mas respeitem a sua individualidade e aprendam o que funciona e o que não funciona para cada um.
2. Tempo – especialmente para quem trabalha e estuda, o tempo é tão precioso quanto escasso, portanto faça-o render e evite tempos mortos, especialmente com edital lançado. Alguns exemplos: eu almoçava lendo no gabinete em que trabalhava, no caminho até o trabalho ia ouvindo aula, sempre andava com algo para ler na fila de consultório médico, usava um agregador para concentrar as notícias de sites relevantes para concursos, etc.
3. Resiliência – a vida de concursos é dura, é sabido. É preciso sacrificar muito, e às vezes sofremos derrotas extremamente dolorosas, algumas delas por falhas nossas, e outras absolutamente injustas, como foi o caso recente do MP/RS que reprovaram quase todo mundo na prova oral. Pessoalmente, enquadro a reprovação de todos os candidatos do meu dia de prova oral no MP/MG   na categoria das injustas. Permita-se um tempo (curto) de luto, afinal, ficar sentindo pena de si mesmo não ajuda ninguém. No meu caso, depois do resultado da prova oral do MP/MG fiquei um final de semana de luto e depois já voltei a estudar firme para o MPF (que estava suspenso e ainda sem perspectiva de retomar o concurso).
Eu pretendia elaborar um pouco mais nesse ponto, mas a postagem anterior com as 10 lições da Abby disse tudo que eu pretendia, e de forma muito melhor do que eu seria capaz, então sugiro que a leiam e releiam.
4. Equilíbrio – a jornada de concurso pode durar longos anos, precisamos abrir mão de muita coisa, mas não de tudo, ser infeliz sem termo ad quem é insustentável.
Sei que é muito difícil, e muitas vezes fui a aniversários, encontros de família ou amigos com um enorme peso na consciência porque pensava perder tempo de estudo. No entanto, é possível levar a bom termo a vida de concursos e não abrir mão de algumas pequenas alegrias, desde que haja equilíbrio.
 Exemplo pessoal: as provas discursivas do MPF são realizadas em 4 dias seguidos de 4 horas de duração, iniciando em um sábado e concluindo na 3a, é extremamente cansativo. Pois bem, no dia da primeira prova discursiva do 29o CPR (18/08/2018), um dos meus melhores amigos iria se casar, eu era padrinho e testemunha na igreja. Poderia ter faltado, meu amigo entenderia, afinal, era meu sonho, mas eu não me perdoaria por não estar presente. Resultado, fiz a prova, fui correndo pra casa colocar o terno, fui no casamento e na festa (em que inclusive não me privei de tomar uns drinks, com moderação), e depois fiz mais 3 dias seguidos de prova.
 Concluo desejando muita sorte e recomendando que não cometam o erro de assistir a vida passar pelos olhos, busquem a felicidade no caminho, não só na chegada.

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