Trago hoje a trajetória do Flavio Reyes (@flavioreyes), aprovado para juiz do TJAL, que, sem dúvida, tem um "dom" invejável por mu...

Trajetória nos concursos - Flavio Almeida Reyes

By | novembro 13, 2021 Leave a Comment

Trago hoje a trajetória do Flavio Reyes (@flavioreyes), aprovado para juiz do TJAL, que, sem dúvida, tem um "dom" invejável por muitos: a enorme facilidade com provas objetivas. Aliás, inclusive, segundo o olhonavaga, Flávio é, smj, o 1º da objetiva do TJSP 189, com 91 pontos (claro que o resultado pode mudar com o gabarito definitivo)! Essa enorme capacidade na prova objetiva, porém, não significa vida fácil nas fases seguintes. Tanto que Flávio percebeu que deveria "ter pensando muito mais em como Masson, Lenza, Tartuce e companhia poderiam me ajudar de uma forma mais polivalente". E o outro alerta do Flávio merece ser destacado: a importância do caráter estrategista não só na 1ª fase, como também na 2ª, buscando a todo tempo melhorar diante dos erros (e fica aqui a menção honrosa ao curso de sentenças do @passoadecidir). Nessa esteira, Flavio sintetizou bem uma visão mais racional e menos passional da prova oral: "nada mais é do que um teatro no qual você faz um papel e o examinador faz outro. Ninguém ali se odeia, ninguém é soberbo nem nada do tipo (ok, um ou outro examinador é sim). Terminando a sua arguição, cada um seguirá sua vida independentemente do que aconteceu ali. 80% dos acontecimentos nesse momento estão fora de seu controle, basta aceitá-los". Parabéns pela brilhante história, Flavio! E obrigado pelos elogios! 


“A maldição de ser abençoado com um dom”.

Pode parecer um tanto estranho, mas de fato, eu (creio que) nasci com um dom, o dom de fazer provas objetivas. Esse mesmo dom me prejudicou em certa medida. Então, ao contar um pouco da minha trajetória, trago também alguns alertas.

Sou umas das poucas pessoas que conheço e que passaram para a 2º fase logo no primeiro concurso da magistratura (TJ/MS 2015), ainda que com apenas 6 meses de estudo.

Desde o começo (por sorte, pelo acaso ou o que quer que seja) adotei uma metodologia muito objetiva, pragmática e eficaz para chegar na nota de corte (ainda que sem uma base sólida formada). Sempre fui muito estrategista quando o assunto era encarar a prova objetiva, e isso, infelizmente, criou em mim a contínua vontade de encarar todas as provas que surgiam (Magistratura e MP), fazendo com que eu estivesse num ciclo eterno de “retas finais”, com os pequenos intervalos para embasamento doutrinário e revisão jurisprudencial. Foram pouquíssimas as provas (consigo contar no dedo de uma das mãos) que não consegui alcançar a nota de corte, e isso me deu a oportunidade fazer diversas provas discursivas, mas também de reprovar em diversas provas discursivas.

Alguns podem achar que essa falha seja por uma preparação deficiente, com base em resumos, lei seca e um caminhão de questões. Não se engane. Eu li Gilmar Mendes umas 5 vezes (desde a época que o Inocência Mártires era coautor), Paccelli, Marinoni... li até mesmo Magalhães Noronha, numa versão de 1988 comprada em um sebo!!! Sempre fui um grande fã de uma escrita densa e filosófica.

Hoje, analisando o meu passado, vejo que minha falha foi ter me apegado tanto às provas objetivas, sem me atentar que muita coisa ainda teria que ser feita pela frente. Eu devia, desde o início, ter pensando muito mais em como Masson, Lenza, Tartuce e companhia poderiam me ajudar de uma forma mais polivalente. Esse é o primeiro alerta que deixo.

O segundo alerta que deixo é o seguinte: do mesmo modo que eu era disciplinado, pragmático e estrategista para a 1º fase, eu era indisciplinado e anti-estrategista na hora da 2º fase. Eram dois “concurseiros” totalmente diferentes. Não sejam assim, pois o concurso é pura técnica do começo ao fim.

Hoje eu afirmo sem medo de errar: passar em um concurso é muito mais a forma do que o conteúdo. É menos o que “se sabe” e mais o “como se faz”. Não é nada difícil acertar uma questão objetiva sem saber a resposta, da mesma forma que há muitos casos de pessoas que gabaritaram uma questão discursiva sem conhecer o conteúdo. Essas pessoas tinham um roteiro altamente adaptável e cambiável. Aquele que “sabe como fazer” pode muito bem se sair melhor do que “aquele que conhece”, o conhecedor da matéria.

Não sejam displicentes, entendam como as coisas são, e vocês vão entender que nem tudo é difícil, nem tudo é impossível.

Eu era burro, mas não era bobo. A cada derrota minha – que de fato nunca me abalou em nada (acho que chamam isso resiliência) – eu parava e pensava “ok, reprovei, mas o que é que eu posso extrair disso? O que eu fiz de errado?”. Em cada reprovação eu melhorava em alguma coisa e ganhava um novo aprendizado. Chegou um momento, depois de muitas reprovações, que finalmente fui para as sentenças. Diante das reprovações dessa “nova” fase, novos aprendizados surgiram, e caminhada seguiu (para quem quiser VERDADEIRAMENTE fazer uma sentença, façam o curso de sentença “Passo a Decidir”), até que cheguei à tão sonhada prova oral (TJ/AL).

Nem preciso fazer propaganda do Curso de Professor Júlio César, seria redundância elogiar o curso. Fiz o curso e isso me ajudou a encarar com mais leveza a temida prova oral, que, sinceramente, de temida não tem nada. A prova oral nada mais é do que um teatro no qual você faz um papel e o examinador faz outro. Ninguém ali se odeia, ninguém é soberbo nem nada do tipo (ok, um ou outro examinador é sim). Terminando a sua arguição, cada um seguirá sua vida independentemente do que aconteceu ali. 80% dos acontecimentos nesse momento estão fora de seu controle, basta aceitá-los.

Momento colti motivacional: o concurso não é fim, É TRAVESSIA!!! 3, 5, 10, 15 anos são apenas números, e que não terão qualquer valor depois da aprovação: aprovado é aprovado e ponto final. A vida seguirá por muito anos. E como disse João Guimarães Rosa “Reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um dia de capina com sol quente, que às vezes custa muito a passar, mas que sempre passa. E você ainda pode ter um muito pedaço bom de alegria (...) CADA UM TEM A SUA HORA E A SUA VEZ: VOCÊ HÁ DE TER A SUA.” (“A Hora e a Vez de Augusto Matraga”).

Aos colegas de jornada eu digo: boa sorte  e sigam na luta.
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