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Trajetória nos concursos - Por João Paulo Barbosa Neto

By | outubro 05, 2020 Leave a Comment

 


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Trago hoje a trajetória de João Paulo Barbosa Neto (@joaopaulob.neto), aprovado para juiz do TJPA em 2020! A trajetória de João Paulo ilustra muito bem o desafio enorme que é conciliar o estudo para concursos com a advocacia. Mais do que a conciliação com o trabalho, a advocacia tem variáveis diversas, como incerteza remuneratória. Para ser exitoso, João buscou ser bem objetivo e não gastar energia com o que não poderia controlar. Como bem disse, "Um comportamento que destaco que foi muito importante foi o de tratar com o máximo de objetividade e profissionalismo os meus estudos. Procurava fugir ao máximo do que não estivesse na minha “atribuição” de estudante. Assim, não discutia em grupos de whatsapp qual era o “chute” da nota de corte, ou se a data da prova seria mantida/alterada, ou, ainda, se o Tribunal desejava uma lista de aprovados fora das vagas grande ou pequena, além de outros temas análogos que, simplesmente, estavam totalmente fora da minha esfera de responsabilidade enquanto candidato. Nessa ordem de ideias, foi importante não se preocupar com as Fake News do mundo dos concursos, e seguir estudando, sempre". Parabéns pela trajetória, João Paulo!

Tive a alegria de ser convidado pelo prof. Júlio Cesar para contar um pouco da minha trajetória aqui em seu instagram, e gostaria de iniciar esse relato registrando a minha gratidão ao prof. Júlio Cesar pelo convite e a minha admiração pelo excelente trabalho que vem desempenhando.

Recentemente, tive a honra de ser aprovado no concurso para o cargo de Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Pará. Após sair a aprovação, eu fiz uma postagem no meu instagram contando um pouco de como tinha sido essa minha trajetória, desde quando pegava carona para ir à faculdade até a aprovação. Um jornalista me pediu uma entrevista sobre esses fatos, e, para minha surpresa, essa minha história foi sendo replicada até que virar uma matéria veiculada nacionalmente. Esse “plus” decorrente da matéria jornalística em torno da aprovação foi um fato totalmente inesperado. 

Apesar das dificuldades que enfrentei durante a graduação, compartilho com vocês que, após a graduação, ou seja, durante a fase em que você, de fato, desenvolve a sua preparação para um concurso de carreira como a magistratura estadual,  a maior dificuldade que enfrentei (maior do que as caronas da época da graduação) foi o fato de advogar e estudar. 

Eu sempre trabalhei como advogado autônomo durante todo o meu período de estudos. Na minha análise, havia 03 (três) “perfis” de concurseiros: os que só estudavam para concurso, os que eram servidores públicos e estudavam, e os que advogavam e estudavam. Com a devida vênia, considerava o restrito grupo dos advogados militantes (o terceiro grupo) o que enfrentava os maiores desafios, sobretudo, devido a dois motivos: a) a ausência de uma carga horária fixa de trabalho e b) a ausência total de previsibilidade e estabilidade financeira.

Considero que foi importante, pois aprendi muito na advocacia, além de ter aprendido lições profissionais que levarei comigo para a magistratura. No entanto, como dito, o exercício da advocacia impõe diversas peculiaridades, das quais citei apenas duas acima, as quais, se não forem bem administradas, podem postergar muito a aprovação ou, como acontece muito, fazerem o candidato desistir do seu nobre objetivo de estudar para concurso público.

Para fazer frente às peculiaridades que me eram impostas, procurei, primeiramente, estruturar a organização do tempo em horas semanais, ao invés de um cronograma diário. De 30 a 35 horas semanais era a minha meta. A divisão não era em igual proporção durante os dias da semana, em razão do escritório exigir muito tempo. Em regra, tentava estudar, no mínimo, 04 (quatro) horas de estudo por dia e, nos fins de semana, compensar o tempo restante até alcançar essa média de 30 a 35 horas semanais. Isso fez com que eu passasse a valorizar muito cada minuto que pudesse ser utilizado. Por exemplo, durante os intervalos de audiências, eu ficava lendo no corredor do fórum. 

Além disso, como eu tinha pouquíssimo tempo, eu fixei um único objetivo em termos de concurso: magistratura estadual. Entendia que, dentro da minha realidade, não havia como focar, por exemplo, na Magistratura e no Ministério Público, mesmo que para a primeira fase, pois o meu tempo era muito exíguo. É claro que cheguei a fazer outros concursos com o objetivo de tentar conseguir, ao menos, figurar como aprovado (mesmo que fora do número de vagas) para utilizar essas aprovações como títulos no concurso da magistratura. 

E, por fim, precisei me dedicar ao máximo a cada fase, encarando-as de forma isolada. Portanto, estudava detidamente só para a primeira fase. Após a aprovação na prova objetiva, iniciava os estudos de forma intensiva para a segunda fase.

Um comportamento que destaco que foi muito importante foi o de tratar com o máximo de objetividade e profissionalismo os meus estudos. Procurava fugir ao máximo do que não estivesse na minha “atribuição” de estudante. Assim, não discutia em grupos de whatsapp qual era o “chute” da nota de corte, ou se a data da prova seria mantida/alterada, ou, ainda, se o Tribunal desejava uma lista de aprovados fora das vagas grande ou pequena, além de outros temas análogos que, simplesmente, estavam totalmente fora da minha esfera de responsabilidade enquanto candidato. Nessa ordem de ideias, foi importante não se preocupar com as Fake News do mundo dos concursos, e seguir estudando, sempre.

Dentro dessa ideia de objetividade acima tratada, também tive que equilibrar a questão da influência dos sentimentos nos meus estudos. Não no sentido interpessoal. Por sinal, casei-me durante os estudos, precisamente, entre a primeira e a segunda fase de um dos concursos que fiz. A questão sentimental que procurei controlar foi no sentido de não permitir que uma reprovação, um recurso não provido, ou algo semelhante, me fizesse parar de estudar. Por exemplo, a minha primeira prova da magistratura foi o TJ/CE (em 2018). Era o meu estado, e eu fiquei por um ponto da nota de corte. Fiquei triste? Sim. Mas, no dia seguinte, estava estudando. A minha segunda prova foi o TJ/SP. Outra vez, fiquei por um ponto do corte. Também fiquei triste. Mas, de igual forma, no dia seguinte lá estava este candidato estudando. Depois dessas duas reprovações, eu fiz as primeiras fases do TJ/PR, TJ/AC, TJ/AL, TJ/MS e TJRJ. Em todas, graças a Deus, consegui aprovação para a segunda fase.

Hoje, estou aprovado no TJ/PA dentro das vagas previstas no edital, e ainda aguardando a realização de outras fases desses concursos da magistratura estadual. Tenho sonho de ser professor, e pretendo me dedicar também a esse projeto. E digo para vocês que não importa se vocês só estudam, se dividem o tempo com o trabalho no serviço público, se são advogados concurseiros. Tratem o objetivo profissional de vocês como adultos, com responsabilidade, fazendo algumas renúncias necessárias. Avaliem o desempenho de vocês por meio de simulados, construam amizades durante essa fase, e prossigam estudando, pois os concursos públicos mostram, cotidianamente, que é possível que pessoas improváveis consigam aprovação nos cargos desejados. Que Deus abençoe a todos vocês! Um abraço!

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