Trajetória nos concursos - Malcon J. Cummings

By | abril 15, 2020 Leave a Comment



Trago hoje a emocionante história do Malcon, juiz do TJPR! É uma das histórias que tive o orgulho e honra de acompanhar, pois formamos na mesma Universidade e tive a oportunidade de ser monitor de TGD. A história do Malcon é de representatividade e superação: desde a inspiração ao ver Barack Obama dizendo que era possível à comparação com o Ministro Joaquim Barbosa feita por motoristas, cobradores e fiscais na época em que trabalhava em empresa responsável pelo transporte urbano no ES. E @andersonpaiva, único procurador da república negro da última turma do MPF (29 CPR), foi também inspiração para o Malcon! Parabéns, Malcon! Que mais histórias assim se repitam! Pode saber que seu nome já é fonte de identificação e orgulho para muita gente! 

Um dia, pensei em ver meu nome aqui, ler meu relato, hoje esse dia chegou! Gentilmente o Júlio me convidou a fazer um relato de minha trajetória nos concursos, que será muito mais, um relato de minha vida. Não que a minha vida, até aqui, tenha sido inteiramente dedicada ao estudo para concursos, mas a dedicação de vida é para a realização dos sonhos e a magistratura se tornou realidade no TJPR. 

Meu estudo para concursos começou na Universidade Federal do Espírito Santo, UFES, quando, no meio do curso, em 2010, no afã de alcançar minha independência financeira resolvi prestar concurso, de nível médio, para Técnico em Transportes, na CETURB-ES, empresa pública estadual responsável pelo gerenciamento de transporte coletivo de passageiros. Fui aprovado e permaneci lá por aproximadamente 3 anos. Apesar da atuação passar ao largo da carreira jurídica, foi uma excelente oportunidade para que eu continuasse meus estudos regulares da faculdade, bem como definisse que meu objetivo era poder, com o Direito, melhorar a vida das pessoas.  Naquele momento, certamente, foi plantada a semente do sonho de ser magistrado e ainda contava com o apoio de pessoas que trabalhavam comigo, como motoristas, fiscais e cobradores de ônibus, que me incentivavam a ser como o então Ministro do STF, Joaquim Barbosa. 

Sobre isso, cabe fazer um parêntese, que mesmo ouvindo de muitos que era difícil um negro ser aprovado nos concursos para a magistratura, surgiu daí forte identificação com o Min. Joaquim Barbosa, o primeiro negro a ocupar o cargo de Ministro no STF e posteriormente, o primeiro Presidente negro da Corte Suprema. Ressalto que tal identificação e orgulho foram fonte de motivação para os estudos, assim como, anteriormente, foi Barack Obama, com seu “Yes, we can”, quando ingressei na faculdade, bem como recentemente com Anderson Paiva (@andersonrpaiva). 

Após colar grau, em maio de 2013, tive a oportunidade de participar de processo seletivo para Assessor de Promotor de Justiça, no Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), onde permaneci no cargo em comissão por aproximadamente 4 anos. O parquet capixaba foi fundamental para que eu traçasse meu “plano de voo”, pois, após me formar, sabia que queria estudar para concursos, mas não sabia para qual cargo e como começar. Sobre o cargo, tive a ideia de começar por concursos menores, que pudessem me dar estabilidade para alçar voos maiores até chegar ao fim, que curiosamente continuava a ser a magistratura, mesmo trabalhando no Ministério Público. A partir disso, no início de 2015, comecei, de forma desordenada, a estudar para concursos de procuradorias municipais e estaduais. 

Nesse caminho, obtive inúmeras reprovações, pois tinha enorme dificuldade de ler a lei seca e entender que o “caminho das pedras” está na leitura da lei, mesmo que possa parecer enfadonho, é de suma importância para provas objetivas. Depois das incontáveis adversidades, consegui entrar nos trilhos, me organizar melhor e tentar conciliar o cargo de Assessor de Promotor de Justiça com os estudos para Procuradorias. Para tanto, no tempo disponível, sacrificava a atenção à minha noiva para focar nos estudos, indo para uma sala de estudos e praticamente passando o máximo de tempo que pudesse.

Contudo, após uma reprovação, por 0,5 ponto, na peça prática do concurso da PGE/MS, vi que deveria mudar minha postura. Assim, em meados de 2017, com o apoio dos meus pais e da minha noiva, decidi pedir exoneração do cargo de Assessor de Promotor de Justiça para me dedicar integralmente aos concursos. Certamente, foi uma das melhores escolhas que fiz. Isso, pois,  nesse tempo, aprendi que a vida não pode parar por conta do estudo para concursos, não podemos deixar de dizer que amamos quem está conosco e curti-los, pois, a vida é curta e certos momentos não voltam. Deve-se, portanto, buscar o equilíbrio, sob pena de perdermos pessoas e momentos importantíssimos em nossas vidas. 

Logo, mesmo estando “só” estudando, buscava almoçar com meus pais, ouvi-los, cuidar um pouco de quem tão bem sempre cuidou de mim. Mas sem peso na consciência, pois, atitudes assim catalisavam meus estudos. Ou seja, buscava evitar o isolamento total. Ressalte-se que tais momentos devem fazer parte do planejamento de estudos, sob pena de ter efeito contrário, procrastinador. 

Passei, ainda, a compreender a importância da lei seca e da leitura dos editais, especialmente em concursos menores, em que a nota de corte é muito alta, devendo, dessa feita, ser priorizados os temas de maior incidência e tê-los no vade mecum. Diferentemente do Júlio eu fazia muitas questões, dividindo-as por nível de dificuldade, de acordo com a banca, para que eu pudesse “formar a base” em questões letra de lei, criando, assim, vários filtros no site “Questões de Concursos”. 

Outro ponto de grande relevância foi a adoção de um caderno de erros, onde anotava não só o que eu errava, mas também o que deveria saber para acertar a questão. Fazia isso em conjunto com a anotação no Vade Mecum, meu companheiro fiel, do dispositivo legal exigido para a solução da questão. Com isso, aplicadas tais técnicas, fui aprovado nos concursos de advocacia pública, tendo tomado posse nos Municípios de Nova Venécia/ES e posteriormente Colatina/ES. 

Após obter sucesso nos concursos de procuradorias municipais, bem como tendo experiências de que não devemos diminuir nossos sonhos por conta do pessimismo alheio, decidi, em meados de 2018, partir para meu grande objetivo, mencionado por muitos como inatingível, a magistratura. Para tanto, estudei, matérias que não tinha muito contato no estudo para a Advocacia Pública, como Direito Penal, Processual Penal, ECA, Consumidor e Eleitoral. Passei a ler as Sinopses da Juspodivm e assistir a vídeo-aulas para fixação, nesse tempo, durante quase um ano conciliando os estudos com o trabalho de Procurador do Município.

Na magistratura, reprovei nas objetivas no TJMG, TJBA, nas discursivas no TJSP, sendo, contudo, aprovado nas sentenças no TJMT, que não fiz a inscrição definitiva por ser no dia da posse do TJPR, onde orgulhosamente ocupo o cargo de Juiz Substituto. 

A mensagem que deixo é não diminua seus sonhos, nem desista deles. Se alguém algum dia lhe disser que não consegue ou que é muito difícil de alcança-lo, guarde consigo como motivação.  Somos humanos e temos dificuldades diárias, mas se a cada dia encaramos nossas dificuldades com a motivação de que o amanhã será melhor, certamente, estaremos pavimentando nosso caminho ao topo da montanha, qual seja o nosso objetivo. E utilizem a rede social como instrumento de motivação, para que relatos como o meu e de muitos outros que passaram por aqui façam a diferença no dia e no ritmo dos estudos. Sejam felizes!

Yes, we can ! 


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