Fases do concurso - Prova oral - Parte 3 - O problema da robotização e a importância da naturalidade

By | dezembro 16, 2019 Leave a Comment

Um fenômeno que tem atrapalhado muito o desempenho em prova oral é a ROBOTIZAÇÃO, ou seja, o abandono da naturalidade da fala. Infelizmente esse fenômeno tem sido produzido por uma cultura razoavelmente difundida no meio, sobretudo por cursos de prova oral, que tem fornecido um mecanismo que, ao invés de ajudar, acaba por minar a confiança dos candidatos: a excessiva preocupação com aspectos visuais (gestual, olhar etc) e auditivos (velocidade de fala, por ex.). 

Na prática, os candidatos robotizados apresentam, por ex., mesma velocidade de fala, formas gestuais (até em minúcias, como para segurar o copo), marcação de tônica e silêncios iniciais. Ficam tão reféns de uma receita prévia que perdem a individualidade, que é o que a prova oral expõe e espera, de certo modo, contemplar. Basta se colocar no local de uma pessoa que seleciona alguém para determinado trabalho (estagiário para o órgão público, v.g.): você iria preferir ouvir um robô, com frases decoradas, silêncios artificiais e movimentos incoerentes, ou uma pessoa que se comunica de forma natural, com respeito, humanidade e assertividade?

A regra mais importante no ponto formal é NÃO se enquadrar em modelos, pois há INÚMERAS formas de se comunicar de maneira formal. Obama, Merkel e Putin se comunicam de formas TOTALMENTE diferentes, sendo todos eles formais! Ser formal do seu jeito ampliará a EFICIÊNCIA de sua comunicação, pois o interlocutor não irá se distrair para perceber o quão artificial é o emissor da mensagem, como sói acontecer com atores/atrizes ruins no cinema e televisão. 

Quanto aos benefícios da fala formal-natural, são inúmeros, valendo citar a MALEABILIDADE (tilt’s são muito menos perceptíveis), EMPATIA (nós nos comunicamos COM alguém...), AUSÊNCIA DE MONOTONIA (a voz do google, que não oscila velocidade-altura, dá sono) e GANHO DE CONFIANÇA (o candidato não começa a criar problemas antes inexistentes). 

Desde os gregos, o mais relevante na oratória não é incorporar modelos na FORMA, mas sim, no CONTEÚDO, construir BOAS CADEIAS DE RACIOCÍNIO, sejam elas rigorosas (como queria Aristóteles), sejam elas flexíveis (como queriam os sofistas), e SEMPRE com presença de palco/energia.
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