Trajetória nos concursos - Andreia Cortez Guimarães Parreira

By | novembro 24, 2019 Leave a Comment


Trago hoje a trajetória de Andreia Cortez Guimarães Parreira (@andreia_cortezg), que, antes de aprovada em concursos bem difíceis (como os de juíza do TJPR e TJSC, encerrados em 2019), era e é MÃE! Como ela bem falou, "não se deixe abater por ter passado dias sem pegar em um livro por conta de uma febre ou um resfriado do seu filho. A tarefa não é fácil, mas os filhos crescem rápido e não podemos perder de vista aquilo que realmente importa na vida". O relato é bem interessante não só pelo incrível equilibro alcançado por Andreia, mas pela serenidade com que lidou com tudo: a prova oral deixou de ser um grande medo para ser algo leve, um coroamento de estudo que buscava culminar naquela etapa! Meus sinceros parabéns e admiração, Andreia! E pode ter certeza que sua trajetória vai trazer leveza para muitas mamães concurseiras que TAMBÉM acompanham a galinha pintadinha ;-)

Em primeiro lugar, agradeço ao Júlio César pelo convite e reitero aqui minha admiração pelo seu trabalho. Digo isso não só por todo conhecimento compartilhado, mas também pela humildade e pelo aspecto humano que ele traz em todos os seus discursos. 

Essa narrativa foi pensada especialmente (mas não apenas) para as “mamães concurseiras”. Engravidei aos 18 anos e tive minha filha com 19 anos. Hoje tenho 29. Considero que a minha preparação vem sendo construída desde os estudos para OAB, em 2012. Desde então, tive que conciliar a maternidade com os estudos e acabei desenvolvendo habilidades como ler doutrinas e resolver questões em frente à TV, ao som de “galinha pintadinha” (mamães e papais sabem que não é fácil!). 

Após a faculdade, advoguei por um 1 ano e trabalhei como assessora de gabinete durante quase 2 anos. O ritmo de estudos diminuiu muito, mas eu nunca parei completamente. Em 2014, me dediquei mais à lei seca e passei no concurso de analista do TJGO, o que me fez ver a importância da lei seca. 
Em 2016, iniciei meus estudos em dedicação quase exclusiva. Digo “quase” porque minha filha ainda era pequena e ela sempre foi minha prioridade. Aqui, gostaria de ressaltar uma frase dita pelo professor Pablo Stolze e que me serviu de norte durante toda a trajetória: “nesse árduo caminho dos concursos, não prescindam do amor, meus amigos do coração. É ele que levará vocês até o fim”. Com isso em mente, eu estudava cerca de 5 horas quando minha filha estava na escola, e mais 1 ou 2 à noite, quando era dia do meu marido ajudá-la nas tarefas de casa. 

Percebi que já não poderia estudar e ficar com ela ao mesmo tempo, porque não fazia nem um, nem outro, como gostaria. Então, passei a estar 100% presente naquilo que estava fazendo: se era com ela, minha atenção era integralmente dela, e o mesmo acontecia nos estudos. Isso fez com que ela não se sentisse preterida, não precisasse da minha atenção 24 hrs. Acredito que com muito diálogo, amor e carinho, nosso filhos compreendem a nossa rotina e passam a compartilhar do nosso sonho, além de verdadeiramente torcer pela nossa vitória.

Nos primeiros 6 meses, estudei por doutrinas e fazendo fichas. Depois, MUITA lei seca. Em 2017, fiz 3 provas e foram 3 “traves” (faltou pouco para atingir o corte). Cada reprovação foi muito dolorosa, mas nessas oportunidades eu fazia questão de passar mais tempo com minha família e tentar enxergar as coisas em perspectiva, para lembrar a mim mesma de que a vida é muito mais do que o concurso. Procurava também intensificar as atividades físicas, buscando formas de espantar o sentimento de incapacidade.

Em 2018, foquei nas minhas dificuldades, sem descuidar das matérias maiores: assisti aulas e montei um caderno completo de ambiental, eleitoral e boa parte de empresarial. Passei a gravar áudios para memorizar prazos, princípios, objetivos, diretrizes etc., e escutava o tempo todo no carro (junto com os Dodcasts do Dizer o Direito, recomendadíssimos!). Daí em diante, passei para 2ª fase no TJRS, MPMS, TJMT, TJBA, TJPR e TJSC. O estudo para 2ª fase foi revisando e completando minhas fichas. Estudei por sinopses também, fiz alguns cursos de sentença e treinei MUITO. Reprovei na fase das sentenças da minha primeira 2ª fase, TJRS. 

Para a prova oral, eu praticamente tive que me reinventar. Se houve algum momento em que pensei em desistir, foi só por medo da prova oral, antes mesmo de passar na 1ª fase. No entanto, durante a preparação, conheci técnicas e pessoas incríveis, estudei muito sobre autoconhecimento e o poder do subconsciente e consegui superar essas fases muito bem. Hoje, digo que a prova oral é o coroamento de um longo processo em que o candidato é moldado e rigorosamente preparado para assumir um cargo de muita responsabilidade. 

Para aqueles que não podem nem ouvir as palavras “prova oral” que já sentem dor no estômago, eu sugiro apenas que confiem. No tempo certo, tudo se mostrará possível e natural, e você conhecerá uma força que talvez ainda esteja latente dentro de você. 

Para as mamães e papais que estão nesse projeto, ficam os meus sinceros votos de resiliência, equilíbrio e persistência. Não troque um domingo de pipoca e bicicleta por uma rígida meta de estudos. Não se deixe abater por ter passado dias sem pegar em um livro por conta de uma febre ou um resfriado do seu filho. A tarefa não é fácil, mas os filhos crescem rápido e não podemos perder de vista aquilo que realmente importa na vida. É o amor que nos alimenta. E como disse uma amiga, hoje também aprovada, “ser mãe devia contar como título nos concursos”. Ainda não conta, mas no nosso coração, a vitória tem outro sabor!!! 

Sigam firmes e, nesse caminho pedregoso, procurem algo a que se socorrer, seja uma crença religiosa ou alguma força que transcenda à compreensão humana. Isso consola, conforta e nos traz forças! Torço muito para que todos alcancem seus objetivos! 


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