Trajetória nos concursos - Thiago S. Lacerda

By | julho 18, 2019 Leave a Comment
Trago hoje a trajetória do amigo Thiago S. Lacerda, advogado da união. Nós nos formamos na mesma universidade (UFES) e participamos juntos de grupos de estudo. Thiago sempre foi muito esforçado e aberto ao aprendizado. Exatamente por isso que, no meio de sua jornada nos concursos, soube mudar o rumo diante das dificuldades enfrentadas. E um ponto fundamental disso foi perceber que o examinador não quer um especialista. Como bem destacou o Thiago, "temos que duvidar de nossas auto-avaliações. É comum a sensação (geralmente equivocada) de que só vamos estar prontos nos meses ou no ano seguinte, ou na próxima prova. Porém, quem decide se estamos prontos é o examinador". Obrigado, Thiago!

A pedido do Júlio, a quem parabenizo pela trajetória brilhante desde a graduação, deixo aqui meu depoimento e alguns conselhos úteis para meu estudo até a aprovação na AGU.


Em uma jornada difícil, temos a tendência de acreditar em atalhos perigosos. Por isso, de início, é sempre bom lembrar que não existe fórmula ou segredo para a aprovação. No estudo para concursos, em geral, quanto mais for possível simplificar, melhor. Não se compare com quem parece saber mais ou menos. Filtre o que aprendeu da experiência de outros, concentre-se no seu processo de estudo e espere os resultados de coração aberto.


Decidi pela advocacia pública, especialmente pela AGU, no último ano do curso de Direito. Minha intenção era estudar já para o concurso de Advogado da União de 2012, mas ficou só na intenção mesmo. O estudo era pouco e de má qualidade. Cheguei a fazer um curso intensivo anual de carreiras jurídicas, mas fazia pouca coisa além de anotar as aulas. Resultado: reprovei na 1ª fase longe do ponto de corte.


Logo após a graduação, tomei posse como Técnico Judiciário no TRT-ES, em que fui aprovado em 2009. Cheguei a ser aprovado fora das vagas para Analista de TRF e do MPU nos anos seguintes, mas não nomeado, de forma que fiquei no TRT até a posse na AGU em 2017.


No TRT, trabalhava sete horas diárias como assistente de gabinete de desembargador e, no tempo livre, tentava estudar para AGU e PGEs. No primeiro ano e meio, faltou disciplina para estudar com regularidade. Resultado: reprovei na 1ª fase de TODOS os concursos de carreiras jurídicas que fiz de 2013 até o meio de 2014 (cerca de seis concursos, entre Procuradorias e TRFs de vários estados).


As reprovações foram um choque de realidade. Casei em 2014 e tirei uns meses de descanso. Com o aprendizado das derrotas e com o apoio precioso da minha esposa, os anos seguintes foram bem diferentes.


Fiz um planejamento específico para a AGU, de acordo com as minhas necessidades, procurando priorizar as matérias com que eu tinha mais dificuldade e as mais cobradas nas provas anteriores da banca. Mirei o que precisava para a aprovação, e não o que achava mais interessante ou importante.


Basicamente, fazia anotações resumidas de aulas de um curso online, com destaque para os assuntos mais cobrados, e revisões regulares, incluindo exercícios de questões objetivas (provas anteriores e rodadas de exercícios inéditos), lei seca e informativos.

Dificilmente tudo ocorria conforme o planejado. Como é normal, ainda lutava com os “vilões” da procrastinação, das distrações, mas o importante foi persistir nos bons hábitos.


Na metade de 2015, saiu o esperado edital da AGU. Acelerei para cobrir o máximo possível do conteúdo programático, seguindo o planejamento inicial até a prova objetiva.


Na fase discursiva, a mais exigente, passei a responder questões discursivas de provas anteriores quase todos os dias e algumas questões inéditas em cursos de correções personalizadas.


Fizemos três provas discursivas no começo de janeiro de 2016, em dois dias, que depois foram anuladas pelo Cespe e pela AGU, seguidas de novas três provas aplicadas em abril. Embora aliviado com o fim da maratona, não saí tão seguro das últimas provas. Se passasse, imaginava que seria por pouco. Foi aí que me enganei. A correção dessas últimas três provas alavancou minha pontuação no concurso.


Aqui percebi que temos que duvidar de nossas auto-avaliações. É comum a sensação (geralmente equivocada) de que só vamos estar prontos nos meses ou no ano seguinte, ou na próxima prova. Porém, quem decide se estamos prontos é o examinador.


Ainda, é bom enfatizar: não é preciso inovar, nem impressionar o avaliador para ser aprovado, inclusive com notas altas. Examinadores de um concurso no padrão da AGU (com várias fases e muitas disciplinas) não esperam um especialista, mas um candidato que seja capaz de dar uma resposta razoável para o que foi perguntado. Acredite: aquela questão impossível para você é impossível para os outros também.


Para a prova oral, em julho de 2016, fiz um curso presencial e treinei perguntas e respostas, regularmente, com colegas do concurso. Investi menos no estudo individual e mais no controle emocional e na comunicação. Felizmente, mesmo na tensão dos imprevistos e das dúvidas, também superei a prova oral em Brasília. A sensação indescritível de chegar ao final de todas essas etapas é parte da recompensa.


Por fim, menciono dois valores que foram fundamentais na minha caminhada.


Primeiro, concurso não é tudo. Sim, dá muito trabalho. Sim, pode revolucionar a vida profissional. Mas não é o mais importante na vida – embora às vezes pareça. Saber que o estudo para concursos é temporário e deve servir a um propósito maior me lembra que também devo cultivar, durante o estudo, aquilo que é mais prioritário (curtir a família, por exemplo). Curiosamente, essa consciência costuma melhorar a qualidade do estudo.


Por causa disso, segundo, cultive boas motivações para a aprovação. Vontades sustentadas por motivações verdadeiras, boas e justas são fortes e recompensadoras. Acredito que perseguir um cargo público pela boa remuneração e prestígio não é suficiente. Não são raros os casos de pessoas que são empossadas e encontram um enorme vazio na vida, igual ou maior do que havia antes. Por outro lado, quem tem visão para interesses mais amplos sabe o bem que está fazendo aos outros e a si mesmo pelo estudo e, por isso, não irá poupar esforços, venha o que vier.


Aos futuros colegas de carreira jurídica, desejo um ótimo tempo de estudos, com o melhor de empenho e de motivação!


Abraços!

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