
A pedido do Júlio, a quem parabenizo pela trajetória brilhante desde a graduação, deixo aqui meu depoimento e alguns conselhos úteis para meu estudo até a aprovação na AGU.
Em uma jornada difícil, temos a tendência de acreditar em atalhos perigosos. Por isso, de início, é sempre bom lembrar que não existe fórmula ou segredo para a aprovação. No estudo para concursos, em geral, quanto mais for possível simplificar, melhor. Não se compare com quem parece saber mais ou menos. Filtre o que aprendeu da experiência de outros, concentre-se no seu processo de estudo e espere os resultados de coração aberto.
Decidi pela advocacia pública, especialmente pela AGU, no último ano do curso de Direito. Minha intenção era estudar já para o concurso de Advogado da União de 2012, mas ficou só na intenção mesmo. O estudo era pouco e de má qualidade. Cheguei a fazer um curso intensivo anual de carreiras jurídicas, mas fazia pouca coisa além de anotar as aulas. Resultado: reprovei na 1ª fase longe do ponto de corte.
Logo após a graduação, tomei posse como Técnico Judiciário no TRT-ES, em que fui aprovado em 2009. Cheguei a ser aprovado fora das vagas para Analista de TRF e do MPU nos anos seguintes, mas não nomeado, de forma que fiquei no TRT até a posse na AGU em 2017.
No TRT, trabalhava sete horas diárias como assistente de gabinete de desembargador e, no tempo livre, tentava estudar para AGU e PGEs. No primeiro ano e meio, faltou disciplina para estudar com regularidade. Resultado: reprovei na 1ª fase de TODOS os concursos de carreiras jurídicas que fiz de 2013 até o meio de 2014 (cerca de seis concursos, entre Procuradorias e TRFs de vários estados).
As reprovações foram um choque de realidade. Casei em 2014 e tirei uns meses de descanso. Com o aprendizado das derrotas e com o apoio precioso da minha esposa, os anos seguintes foram bem diferentes.
Fiz um planejamento específico para a AGU, de acordo com as minhas necessidades, procurando priorizar as matérias com que eu tinha mais dificuldade e as mais cobradas nas provas anteriores da banca. Mirei o que precisava para a aprovação, e não o que achava mais interessante ou importante.
Basicamente, fazia anotações resumidas de aulas de um curso online, com destaque para os assuntos mais cobrados, e revisões regulares, incluindo exercícios de questões objetivas (provas anteriores e rodadas de exercícios inéditos), lei seca e informativos.
Dificilmente tudo ocorria conforme o planejado. Como é normal, ainda lutava com os “vilões” da procrastinação, das distrações, mas o importante foi persistir nos bons hábitos.
Na metade de 2015, saiu o esperado edital da AGU. Acelerei para cobrir o máximo possível do conteúdo programático, seguindo o planejamento inicial até a prova objetiva.
Na fase discursiva, a mais exigente, passei a responder questões discursivas de provas anteriores quase todos os dias e algumas questões inéditas em cursos de correções personalizadas.
Fizemos três provas discursivas no começo de janeiro de 2016, em dois dias, que depois foram anuladas pelo Cespe e pela AGU, seguidas de novas três provas aplicadas em abril. Embora aliviado com o fim da maratona, não saí tão seguro das últimas provas. Se passasse, imaginava que seria por pouco. Foi aí que me enganei. A correção dessas últimas três provas alavancou minha pontuação no concurso.
Aqui percebi que temos que duvidar de nossas auto-avaliações. É comum a sensação (geralmente equivocada) de que só vamos estar prontos nos meses ou no ano seguinte, ou na próxima prova. Porém, quem decide se estamos prontos é o examinador.
Ainda, é bom enfatizar: não é preciso inovar, nem impressionar o avaliador para ser aprovado, inclusive com notas altas. Examinadores de um concurso no padrão da AGU (com várias fases e muitas disciplinas) não esperam um especialista, mas um candidato que seja capaz de dar uma resposta razoável para o que foi perguntado. Acredite: aquela questão impossível para você é impossível para os outros também.
Para a prova oral, em julho de 2016, fiz um curso presencial e treinei perguntas e respostas, regularmente, com colegas do concurso. Investi menos no estudo individual e mais no controle emocional e na comunicação. Felizmente, mesmo na tensão dos imprevistos e das dúvidas, também superei a prova oral em Brasília. A sensação indescritível de chegar ao final de todas essas etapas é parte da recompensa.
Por fim, menciono dois valores que foram fundamentais na minha caminhada.
Primeiro, concurso não é tudo. Sim, dá muito trabalho. Sim, pode revolucionar a vida profissional. Mas não é o mais importante na vida – embora às vezes pareça. Saber que o estudo para concursos é temporário e deve servir a um propósito maior me lembra que também devo cultivar, durante o estudo, aquilo que é mais prioritário (curtir a família, por exemplo). Curiosamente, essa consciência costuma melhorar a qualidade do estudo.
Por causa disso, segundo, cultive boas motivações para a aprovação. Vontades sustentadas por motivações verdadeiras, boas e justas são fortes e recompensadoras. Acredito que perseguir um cargo público pela boa remuneração e prestígio não é suficiente. Não são raros os casos de pessoas que são empossadas e encontram um enorme vazio na vida, igual ou maior do que havia antes. Por outro lado, quem tem visão para interesses mais amplos sabe o bem que está fazendo aos outros e a si mesmo pelo estudo e, por isso, não irá poupar esforços, venha o que vier.
Aos futuros colegas de carreira jurídica, desejo um ótimo tempo de estudos, com o melhor de empenho e de motivação!
Abraços!
ABOUT THE AUTHOR
Hello We are OddThemes, Our name came from the fact that we are UNIQUE. We specialize in designing premium looking fully customizable highly responsive blogger templates. We at OddThemes do carry a philosophy that: Nothing Is Impossible
0 Comments:
Postar um comentário