Diagnóstico - Conclusão - o ambiente tóxico dos concursos, a importância da autonomia e o trade-off

By | maio 01, 2019 2 comments




Eu tive a honra de ser aprovado em 1º no MPF, fui juiz do TJSP e TJRS e fui aprovado dentro das vagas em concursos de defensoria e procuradoria. Não fiz questões, li livros inteiros, não intercalei ramos e conciliei concursos diversos. E não foram poucas as vezes que ouvi e li que não iria para lugar algum. Ao encerrar a trajetória nos concursos, a minha ideia sincera era de me afastar desse meio. No entanto, pensei que seria uma escolha eticamente covarde. Isso porque eu poderia ser uma pequena e quase insignificante referência de que há infinitas formas de ser aprovado. É claro que a ideia de que “não há receita pronta” está bem difundida, mas a prática discursiva é TOTALMENTE diferente!

Em tom imperativo e sem praticamente conhecer os pontos de partida do aluno, prescrevem-se caminhos prontos, de modo a consolidar um ambiente psicologicamente pesado, que hipertrofia a insegurança e a ansiedade. Paralelamente a isso, há a “glamourização” de questões difíceis, o que amplia a sensação de vulnerabilidade. A questão ética por trás disso é que estamos lidando com sonhos de pessoas e famílias!

A mensagem que quero passar é que o antídoto para neutralizar esse ambiente psicologicamente ruim, em grande parte, depende de nós mesmos: (i) a autonomia (ao invés de meramente seguir ordens alheias, tal como sucede na HETERONOMIA, assume-se o encargo ATIVO de estabelecer metas e uma forma de estudar de acordo com o próprio perfil); (ii) e severas doses de pragmatismo (análise crítica de custo-benefício de escolhas e de resultados). 

Há uma expressão conhecida na macroeconomia, da qual gosto muito, chamada de “TRADE-OFF”, segundo a qual o ato de escolha traz consigo os benefícios da coisa escolhida e o não usufruto da opção rechaçada, ie, cada escolha é um ato de abdicação. Por ex, a escolha pela leitura de SINOPSES conduz ao ganho de tempo, mas perda da densidade e contextualização do LIVRO. Não há escolhas certas no “trade-off”. Há apenas as SUAS escolhas, conscientes ou não, e os EFEITOS produzidos.

Ao encerrar a série DIAGNÓSTICO, espero ter contribuído um pouco para a difusão dessa postura AUTÔNOMA e PRAGMÁTICA, que me ajudou a (sobre)viver na jornada.

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2 comentários:

  1. Meu camarada, um dia quero ter a honra de agradecer pessoalmente. O que esta fazendo é libertador, é cura, é verdadeiro empoderamento.

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  2. Ba! Adorei ler esse texto! Clariou ideias, me deixou leve. Obrigada por estar aqui, por trazer outro olhar, em uma fase da vida que as vezes, pelo momento, não conseguimos ver certas coisas, como até manobras de mercado por trás de "ideias difundidas". Obrigada mesmo. Abraço adorei conhecer vc por aqui.

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