Como conciliar trabalho com o estudo para concurso? Por Pedro Henrique Antunes Motta Gomes

By | fevereiro 21, 2019 Leave a Comment


Um grande desafio no estudo para concursos é conciliar com o trabalho. O amigo Pedro Henrique, juiz do TJSP, fez com maestria. Trabalhando como defensor público, que é uma das carreiras mais exigentes, obteve a aprovação no TJSP. O exemplo do Pedro comprova que a escassez pode ser mais amiga da eficiência do que a fartura: cada tempo disponível é pensado para ser aproveitado. Deixo nas imagens o relato. Obrigado,  PH!




O tal do mineiro adora soltar um ditado pra cada situação. Quase do mesmo tanto que gosta de carro de boi. Disso sempre soube porque venho do interior das Gerais. O que eu não entendia era o que significava dizer que “carro de boi que não geme, não é bom; e carro apertado é que canta”. Hoje sou Juiz do TJSP, mas por mais de dois anos vesti o verde da Defensoria Pública. Aprovado em Minas e no Paraná, tomei posse muito feliz no Sul do País e escolhi não desistir do que sempre quis: a Magistratura. Só que, trabalhando, confesso ter me incomodado pensando que outros candidatos tinham o dia inteiro pra estudar e eu não. Seria possível conciliar estudos e trabalho?

No começo é difícil. O cansaço te desafia, eu sei. Mas a disciplina é sua melhor amiga: seu corpo e mente se acostumarão quando você estabelecer e cumprir uma rotina sempre firme e intransigente. No meu caso, a Defensoria me ocupava até sete horas por dia. Tentei estudar de manhã, mas percebi que eu era mais da noite. Indo e voltando, errando e acertando, encontrei o meu jeito. Conseguia estudar pelo menos quatro horas... de segunda a sexta. No sábado era gás total, mas o domingo era sagrado para o descanso. Entendi o ditado mineiro quando percebi que, com tempo de sobra, quase sempre nos tornamos relapsos e procrastinadores. Tempo escasso é tempo valioso, tempo que a gente aproveita melhor.

Descobri ainda que durante o expediente eu aprendia, mesmo sem perceber, até com mais profundidade do que em casa. As experiências no trabalho não são tempo “desperdiçado”, em especial se você atua na área jurídica. Na minha prova oral pra Magistratura respondi, por exemplo, com tranquilidade sobre o tema homicídio por dolo eventual, mas qualificado por motivo torpe. É que me lembrava de uma defesa específica sobre esse assunto.

O que me parece essencial é aprender a deixar os problemas do trabalho lá no trabalho. Eu sugiro que você adote algum tipo de ritual pra “virar a chave” antes de iniciar a segunda jornada: tomar café, degustar uma taça de vinho, assistir ao episódio daquele seriado especial, cantar o refrão de uma música no volume máximo!

No seu trabalho sempre haverá dias de frustração e outros de satisfação. Cabe a você usar o combustível certo pra continuar e não se deixar seduzir pela – traiçoeira – zona de conforto. Mantenha o foco porque amanhã vai ser melhor.

Pra terminar, quero te contar que nunca confiei somente em motivação, percebi logo que ela era fugaz; ia e voltava. Acreditava mais na minha disciplina, inflexível, permanente. Não existe receita pronta, é pela tentativa e erro que você vai encontrar o melhor método, o que funciona pra si mesmo. As pessoas chegam no mesmo lugar por caminhos diferentes. Se seu carro de boi apertar no caminho, insista. Só não chega ao final quem desiste antes.

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