A monotonia temática diminui o nosso horizonte linguístico: sempre a falar das mesmas coisas, com as mesmas pessoas, com as mesmas reclamaçõ...

#Retórica

By | abril 11, 2022 Leave a Comment


A monotonia temática diminui o nosso horizonte linguístico: sempre a falar das mesmas coisas, com as mesmas pessoas, com as mesmas reclamações, com as mesmas preferências, com o mesmo humor, com as mesmas contendas, com a mesma profundidade. Como Sísifo no mito, presos eternamente no mesmo ciclo, a empurrar uma pedra que volta para o mesmo lugar, mas, diferentemente dele, de forma voluntária. 


A ideia de Socrates, filho de parteira, de "parir" conhecimento ao conversar com um par fica, de certo modo, prejudicada: as posições já foram paridas e só são retroalimentadas. De conseguinte, a nossa intertextualidade, como a pedra de Sísifo, não sai do lugar!


Sob a ótica da retórica e, portanto, da capacidade de persuadir, a prolepse, consistente na capacidade de antecipar objeções, pressupõe a aptidão de "mudar o enfoque", pensando-se, por ex., como a parte contrária ao defender/atacar. No xadrez, aliás, se fala em "cálculo de variantes". Em provas orais especificamente, candidatos que antecipam problemas matam perguntas futuras: "o sr. acabou antecipando algumas perguntas", costuma dizer-lhes o examinador. 


Para a vida e para a persuasão, como aconselhou Isocrates, viver da retroalimentação da mesma visão, já saturada, não nos eleva muito. 


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