Trajetória nos concursos - Por Daniela Bastos

By | janeiro 16, 2021 Leave a Comment

 





Trago hoje a trajetória de Daniela Bastos (@daniba85), aprovada para Procuradora do Trabalho (MPT 2020). É muito empolgante ler a trajetória de Daniela, que caminhou em direção ao MPT de forma tão natural e apaixonada: dos livros e ideias construídas ao longo da adolescência e vida profissional ao estudo entusiasmado. Como ela bem disse, o seu desejo "foi potencializado pela instituição que representa meus mais profundos ideais e valores, construídos desde a meninice ao lado de grandes pensadores e livros que eu mal compreendia, mas que forjaram grande parte do meu ser. Encontrei no MPT os meus pensamentos escritos por outrem, meus ideais vertidos em metas institucionais e minha visão de mundo traduzida em estratégias de atuação. E por isso, estudar era uma alegria diária. Eu era a desbravadora de teses e minha curiosidade me levava a fuçar e revirar o que aparecia." Parabéns, Daniela! Agradeço pelas palavras e sei que o MPT ganha muito com você, com a sua história e com o seu sincero amor pelas ideias que a instituição representa! Muito sucesso!!!

  
Este não é um relato de uma fórmula infalível para se alcançar a aprovação no concurso. Também não é uma ode ao método x ou y. Na verdade, meu objetivo é trazer algum incentivo para aqueles que estão em busca de um ikigai, um sonho, uma missão, um propósito e uma carreira. A vida pode e deve ser mais do que prazer e consumo. Ela pode ser ética, virtuosa e verdadeiramente humana.
 
Meu interesse por concursos públicos floresceu bem mais tarde do que da maior parte de meus pares. Então, para você que já sabe o que quer desde o primeiro dia de aula da faculdade, basta seguir estudando. Vai dar certo – tenho muitos colegas de concurso que representam esta história. Só que, hoje, este relato é para quem resolveu estudar mais para frente na vida, quem já se perdeu e achou, quem já viveu outras vidas. Eu mesma considero que estou começando minha “quarta” vida. Foi apenas aos 27 anos que eu achei que queria viver algo mais do que só para mim mesma. Queria construir algo, melhorar o mundo ao meu redor e deixar pegadas para trás. Foi assim que peguei minha caixa de ferramentas, composta por boas sinapses e um diploma em Direito, e parti para a batalha. 

O Direito do Trabalho sempre teve um espaço no meu peito, tanto por presenciar minha mãe chorando à noite, quando políticas governamentais resolviam que ela não precisaria de salário naquele mês, quanto por enxergar a igualdade do ser humano, proprietário ou não, e repelir a ideia de tecnologias sociais sendo utilizadas para oprimir, humilhar e excluir. O Trabalho é tão digno quanto o Ser Humano que o executa. Foi pensando assim que parti, já com 28 anos e um divórcio, para reaprender Direito e tentar a sorte em concursos de servidores de Tribunais do Trabalho. Para minha surpresa e alegria, após sete meses de estudo, consegui aprovação no TRT da 2ª Região. A minha caixa pessoal de ferramentas me serviu bem, pois não estava com margem de acertos equivalente àquela de meus concorrentes nas matérias específicas. Porém, consegui usar meu estudo de base da escola para acertar tudo em português e matemática e fechar a redação. Como eram muitas provas corrigidas, fui aprovada para Técnico Administrativo e Analista Judiciário. Para mim, a razão de querer trabalhar no serviço público envolvia a noção de devolver para o povo aquilo que ele custeou, já que sou egressa da Universidade Federal de Uberlândia e não paguei pela minha educação superior. Para além disso, queria experiência de vida, de trabalho e confirmar se aquele interesse do ano anterior se confirmaria no longo prazo. E foi assim que, por pouco mais de quatro anos, fui servidora pública. Fiz amizades e aprendi muito, principalmente na função de assistente de juiz em que minutava sentenças. Eu me dediquei ao máximo para aprender tudo sobre as questões debatidas e entregar o melhor trabalho de que era capaz. Não apenas porque era uma tarefa incialmente muito desafiadora intelectualmente, mas, principalmente, porque cada pessoa ali representada depositava no Poder Judiciário Trabalhista a fé de que a Justiça seria feita. Para mim, a decisão judicial era a ponte entre o Dever Ser e o Ser, e eu era seu instrumento. 

Foi então que, percebendo que as minhas intenções eram duradouras, procurei conciliar trabalho e estudos. Sem sucesso. Eu admiro todos e todas que realizam ambas as atividades com presteza e rendimento. Esta, contudo, não foi a minha realidade. Assim, não livre de receios que precisei superar cada dia de estudo vindouro, resolvi pedir exoneração e iniciar o árduo caminho até o MPT. E por que o MPT? Meu desejo era de ser vetor de transformação, concretizar direitos fundamentais trabalhistas específicos e inespecíficos, bem como ser a mudança que eu queria ver no mundo. E isso foi potencializado pela instituição que representa meus mais profundos ideais e valores, construídos desde a meninice ao lado de grandes pensadores e livros que eu mal compreendia, mas que forjaram grande parte do meu ser. Encontrei no MPT os meus pensamentos escritos por outrem, meus ideais vertidos em metas institucionais e minha visão de mundo traduzida em estratégias de atuação. E por isso, estudar era uma alegria diária. Eu era a desbravadora de teses e minha curiosidade me levava a fuçar e revirar o que aparecia. No começo, sozinha, lendo tudo o que tinha disponível no site do MPT, já comecei a ter admiração profunda pelos Procuradores e Procuradoras cujos textos eram disponibilizados, o que alimentava minha paixão e vontade de realizar aquele propósito. Só que, para isso, tinha que vencer o concurso. Foi a coisa mais difícil que fiz na vida. E esta “aprovação-provação” só foi possível por auxílio incondicional da minha família e amigos, bem como de grandes professores que encurtaram a jornada. Não tive técnica ou organização, não segui fórmula mágica nem tenho uma para oferecer. Minha história começou em abril de 2018, quando li os livros de estudos aprofundados para Magistratura e MPT da Editora JusPodivm e fiz os cursos do Professor Luiz Fabre e do Professor Flávio Gondim, como bases de conteúdo. Treinei objetivas pelos livros do Revisaço da Editora Jus Podivm e no QConcursos. Treinei discursivas com diversos Professores, tais como Raphael Cavalcanti, Erik Oliveira, João Sabino, Phillipe Jardim, Alice Leite, Sara Bonnacorsi. Penso que os treinos são essenciais para performar sob pressão e absorver conteúdo. Para o exame oral, fiz todos os cursos e simulados que consegui, o que foi essencial para mim. Não tive a base de meus colegas e tinha que vencer um desafio: precisava de um sete. Enquanto nas demais fases eu fui aprovada no limiar do corte, ou seja, pouco mais de 5, e estava em último lugar, para obter a aprovação final eu precisaria subir a média e isso me apavorou. Porém, o objetivo se mostrou factível após a oportunidade de ter o professor Júlio César como instrutor. Seu curso é de valor inestimável e com ele aprendi técnicas essenciais para um bom desempenho. Tanto que, no exame oral, eu deixei de ser a aluna nota 5 e ultrapassei a barreira do 7, outrora assustadora, com larga folga. Com os professores do MPT, treinei muito conteúdo. De outro lado, o Professor Júlio César oferece uma preciosidade de técnicas para criar um mapa da prova que é simplesmente SENSACIONAL. A síntese de tudo foi a nota acima de 8 e a alegria de ser aprovada. Foi assim que, após pouco mais de dois anos de estudo, diversos desafios na minha vida pessoal e de saúde, consegui ser aprovada no XXI Concurso do MPT. Agora, começo meu propósito. Agora, começo a minha vida.

Este relato é uma parte da minha verdade. E agora, vamos construir a sua?
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