Trajetória nos concursos - Yago Daltro Ferraro

By | novembro 04, 2020 Leave a Comment

 





Trago hoje a trajetória de @yagodaltroferraro, aprovado para juiz do TJBA e promotor do MPBA! Yago é um raro exemplo de pessoa que concilia mil coisas com eficiência: na graduação, o trabalho, a monitoria, o estudo para concursos... após a graduação, mestrado, trabalho e concursos. E ainda foi aprovado em duas carreiras diversas: MPSP e TJBA! Olhando de fora isso tudo parece uma obra de uma pessoa com trajetória fácil e linear. No entanto, como bem falou o Yago ao lembrar do momento em que não acreditava nele mesmo (e nem se inscreveu), mas a Juliana, namorada dele à época, fez a inscrição do concurso em que ele passou: "Desse episódio eu extraí três principais lições: 1- a nossa trajetória não é linear 2- a importância da nossa rede de apoio (temos de ser gratos. A realização de um objetivo não é obra de um só).  3- Se você não desistir, você vai conseguir". Parabéns, @yagodaltroferraro!

Inicialmente, permita-me me apresentar: Sou Yago Daltro Ferraro Almeida (no instagram: @yagodaltroferraro), nasci em 1993, em Salvador, cidade onde estudei durante toda a minha vida. 

Na minha infância e adolescência, morei na Fazenda Grande do Retiro, um bairro periférico de Salvador, em uma pequena casa alugada, com dois quartos, na qual moravam seis pessoas. Eu não tinha um quarto próprio, tampouco um local para estudos. Apesar disso, meus pais sempre investiram muito (inclusive financeiramente) em minha educação e envidaram os mais prospectivos esforços para que eu estudasse em excelentes colégios da cidade. 

Por isso, antes de narrar a minha trajetória, peço vênia para dirigir um agradecimento especial a Agnaldo e Valtéria, verdadeiros anjos em minha vida, que abdicaram de muito para me proporcionar o melhor. Abdicaram de sonhos seus para que eu pudesse sonhar e querer mais. Meus pais são exemplo de força, dedicação, amor e carinho. A eles, devo tudo de bom que me acontece. 

Dito isso, comecemos. Entrei na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, em 2010 e, nesse período, conciliava os estudos com aulas particulares/monitoria de química, que eu ministrava para alunos do ensino médio. 

Precisava começar a ganhar dinheiro desde logo, para que eu pudesse ajudar a minha família  (notadamente, porque 2010, do ponto de vista econômico, foi um ano especialmente difícil para meus pais), bem assim para conquistar relativa independência financeira. 

Quando estava no final do 2o semestre de faculdade, tomei conhecimento, através da minha doce Juliana (à época namorada, hoje esposa), do concurso para servidor do MPBA, cujo edital foi publicado no final de dezembro de 2010), com provas que seriam aplicadas em fevereiro de 2011. 

Para a minha felicidade, as matérias de raciocínio lógico e português tinham um peso muito grande na prova, e, como havia saído há pouco do ensino médio (e tinha relativa facilidade nessas disciplinas), consegui focar nas matérias de Noções de Direito. Felizmente, consegui ser aprovado, ao que tomei posse como Técnico em 14/05/2012, aos 19 anos. 

Na faculdade, intensifiquei a minha paixão pela docência e fui monitor de Penal I, Penal II e Contratos. Ali tive a certeza de que o magistério era, de fato, a minha vocação e era algo que eu queria fazer por toda a vida.

Paralelo a isso, estudava para concursos, agora voltado para Analista Judiciário. Comecei a fazer provas no 8o semestre da faculdade e a primeira que prestei foi a do TRT-GO, aplicada em 08/2013. Apesar de ter ficado um pouco distante do corte, fiquei feliz com o meu desempenho. Logo após, fiz as provas do TRT-BA (aplicada em 11/2013) e do TRT-ES, aplicada em 12/2013. Em todos, fui reprovado para Analista, o que abalou minha autoestima. 

Entretanto, minha pontuação estava crescendo e, no concurso do TRT-BA, consegui ser aprovado para Técnico em uma boa colocação, o que me deixou feliz e me motivou a seguir em frente. 

Ocorre que, em janeiro de 2014, fiz a prova do TRT-AL e tive o pior desempenho da minha história nos concursos públicos. Fiz cerca de 20 pontos a menos que a primeira prova de TRT que tinha feito (TRT-GO). 

Não fazia sentido para mim. Eu tinha estudado mais, me sentia mais preparado, mas, mesmo assim, meu desempenho foi -muito!- pior do que a primeira prova que eu fiz. 

1 mês depois, em 02/2014, seria a prova do TRT-SP e eu resolvi que não faria. Juliana tentou me convencer a fazer a inscrição, mas eu disse que não. Estava cético e desanimado e não iria mais fazer concursos para analista do TRT. Resolvi que iria me dedicar a outros concursos.

E realmente não fiz a minha inscrição. 

No dia seguinte ao término do prazo para pagamento das inscrições, estava conversando com um amigo que também estudava comigo para Analista de TRT. Nessa conversa, chegamos à conclusão de que o TRT-SP seria uma excelente oportunidade, porque era um concurso grande, que chamaria muitos aprovados. Foi aí que me arrependi de não ter feito a minha inscrição. 

Conversei com minha namorada e disse que estava arrependido de não ter me inscrito. Foi então que ela me fitou e disse: “Fique tranquilo. Eu fiz e paguei a sua inscrição”.

Ela acreditou em mim quando nem eu mesmo acreditava!

Aquilo me deu um ânimo ainda maior e eu estudei com ainda mais determinação. Resultado: Fiz a minha melhor pontuação em provas de servidor e logrei uma boa colocação no concurso. Dos quase 28 mil inscritos no cargo de AJAJ (dos quase 118 mil do concurso inteiro), fiquei em 41 e fui chamado na 2a leva de nomeações, tomando posse em setembro de 2014. 

Desse episódio eu extraí três principais lições:
1- a nossa trajetória não é linear
2- a importância da nossa rede de apoio (temos de ser gratos. A realização de um objetivo não é obra de um só). 
3- Se você não desistir, você vai conseguir.

Por razões pessoais (afinidade com a área de atuação, proximidade da família, planos de ingressar no mestrado), queria voltar para a Bahia, pelo que fiz o concurso de Analista do MPBA (fui nomeado, mas declinei a posse) e do TJBA, no qual tomei posse em 22/10/2015. 

Queria ser Promotor de Justiça, mas em 05 de agosto de 2015 eu perdi meu avô Valdemar Ferraro, que foi um dos meus maiores exemplos de vida. Meu avô foi um dos maiores incentivadores para que eu cursasse Direito e fico extremamente sentido em não tê- lo aqui, no plano físico, para celebrar essa conquista. Conforto-me, todavia, em saber que ele está ao lado do Pai Celeste, zelando por mim e comemorando mais um passo de seu neto, que tanto o ama e admira. 

A morte de meu avô agravou meu receio de morar longe e fez com que eu não quisesse sair, em definitivo, da Bahia. 

Por isso, só fiz concursos que me permitissem um dia voltar para a Bahia. Nesse período, fiz AGU(2015), PFN (2015), DPE/BA (2016), MPF (2016) e DPU(2017). Fui reprovado em todos ainda na primeira fase. 

Estudar para editais tão diferentes me fez caminhar em círculos e me gerava uma sensação de que o estudo não evoluía. Eu não conseguia avançar e só “apagava incêndios”. Não conseguia estudar com estratégia, o que me criava uma sensação de estagnação e de incompletude. 

Fiquei bastante desanimado e resolvi dar azo a outros projetos. Conscientizei-me de que precisava de mais tempo para me preparar e respeitei isso. Não foi uma decisão fácil, mas agora vejo que foi uma das melhores coisas que fiz na minha vida. 

Abandonar o imediatismo e ser mais indulgente comigo mesmo foi extremamente necessário para tornar a caminhada mais leve e eficaz. 

Introjetei a ideia de que o tempo de Deus é melhor do que o nosso e que, na hora certa, no tempo certo, nós alcançaremos o que buscamos. 

Como dizemos aqui no Nordeste, “se avexe não”. Assim diz a música “A natureza das coisas”, que eu (apaixonado por forró) muito ouço na voz de Santana, O Cantador: "Se avexe não...Toda caminhada começa no primeiro passo… A natureza não tem pressa, segue seu compasso… Inexoravelmente chega lá”

Foi nesse período que surgiu o edital de seleção do Mestrado na UFBA. Prestei a seleção e fui aprovado, ao que cursei o Mestrado nos anos de 2016-2018. 

Cursar o Mestrado comprometeu meus estudos para concurso, pois reduziu sensivelmente meu tempo disponível. De outro lado, foi uma realização para mim, pois eu queria muito ser Professor e o Mestrado era essencial para caminhar na docência. E, graças a Deus, deu certo, porque comecei a lecionar Direito Penal na UNINASSAU-Salvador em novembro de 2017. 

No fim de 2017 eu já havia cumprido a maior parte dos créditos e já havia escrito boa parte da dissertação, o que me conferiu um maior tempo livre para estudar para concursos. Foi aí que resolvi focar no meu objetivo, que era, de fato, ser Promotor de Justiça (e, trabalhando no TJBA, também me apaixonei pela magistratura estadual) e me permiti fazer provas em outros estados. 

Dediquei-me com constância e intensidade e, nesse período, utilizei minhas férias integralmente para estudar para os concursos (10 dias antes da objetiva, 10 dias antes da subjetiva e 10 dias antes da prova oral). E, no dia 17/03/2020 (dia do aniversário de minha avó Astéria, que sempre me deu tanto amor e suporte nessa trajetória), fui aprovado na Prova Oral de Promotor de Justiça do 93 MPSP. 

Em razão da pandemia, as nomeações não ocorreram de imediato. E, como eu estava aprovado para a prova oral de Juiz do TJBA, me dediquei intensamente para essa prova. Como já havia renovado meu período de férias, tirei 30 dias para estudar para a Prova Oral. 

E, para a minha mais profunda felicidade, hoje, dia 23/10/2020, saiu o resultado: Aprovado com nota 9,5!!! 

Sequer sei descrever a felicidade que sinto neste momento. Passar em um concurso de Juiz, na minha amada Bahia, é a realização de um sonho. 

Só tenho a agradecer. Ao longo de nossa trajetória, trabalhamos para algo que desejamos aconteça na nossa vida. Mas não fazemos isso sozinhos. Temos uma rede de familiares e amigos que nos fornecem o apoio necessário para que possamos ir adiante.

Quando somos levados ao limite, é possível que surja a tentação de desistir. Acredite, isso é mais comum do que se imagina; isso acontece com muitos. E é preciso ser grato à nossa rede de apoio; às pessoas que nos passam paz, tranquilidade e confiança; que nos ajudam a transformar esses momentos extremos em oportunidades de crescimento.

Agradeçamos às pessoas que acreditam em nós, que não nos permitem esquecer dos nossos objetivos. Pessoas que nos permitem nutrir o desejo ardente de alcançar o que almejamos apesar de todos os obstáculos e todas as desvantagens.

Quando desejamos algo com bastante intensidade, nós conseguimos. Quando estamos imbuídos de um objetivo entusiasmante, nós o alcançamos.

Tudo aquilo que nossa mente pode crer e conceber, ela é capaz de tornar realidade. Tudo de bom que existe um dia foi um sonho, que depois se tornou realidade.

Se você escolhe não desistir, saiba que tem uma vaga lá no futuro que fica aguardando por você. Seu lugar está te esperando, basta você não desistir. E esse lugar será maravilhoso, especialmente desenhado para você. 

Tudo tem seu tempo. E O tempo de Deus é melhor do que o nosso. 

Um forte abraço, senhores! 

No que eu puder ajudar, estarei à disposição! Inclusive, no meu instagram (@yagodaltroferraro), tenho postado algumas dicas sobre concurso, em especial sobre Dosimetria da Pena. 

Ficarei feliz em vê-los lá!

Forte abraço!


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