Trajetória nos concursos - Leonardo Ribeiro

By | novembro 08, 2020 Leave a Comment





Trago hoje a trajetória de Leonardo Ribeiro (@leonriber), aprovado para juiz do TJPA. A jornada do Leonardo revela como o amor pelos estudos e a vontade de perseguir os seus sonhos podem fazer grande diferença! Quando criança, andava cerca de 10km para estudar: "certa vez, fugi de casa, arreei o cavalo e fui sozinho para a escola. Lá era o meu lugar. Lá me sentia realizado". E foi assim - superando as dúvidas, conciliando desde jovem os estudos com o trabalho e desvendando os seus sonhos - que Leonardo alcançou recentemente, após cerca de 10 provas para a magistratura, a aprovação para juiz no TJPA! Como bem disse o Leonardo, "E não foi fácil a trajetória! Foi muita abdicação, muita perseverança, muito afinco! Eu digo a você que está começando os estudos ou que está pensando em desistir: a caminhada não será fácil! Essa jornada de estudos é dolorosa. Às vezes até machuca. Mas procure dentro de você algo que lhe dê motivação. Tome a decisão e siga em frente. Não desista! Tenha certeza da aprovação e coloque nas mãos de Deus a data de aprovação! Se preocupe apenas em fazer sua parte bem feita. Os resultados virão. Todo plantio tem o tempo certo de colheita. O tempo de cada um é diferente. Você está com 50 anos e tem o sonho de ser juiz?! Não importa sua idade, corra atrás do seu sonho! E saiba, é possível realizá-lo". Parabéns, Leonardo!

Meus sinceros cumprimentos a todos os leitores da página do amigo Júlio Cesar de Almeida.

Tentarei narrar a minha trajetória de vida e de estudos, que culminaram na aprovação para o cargo de juiz do TJPA. Já antecipo que sempre acreditei que a educação é o melhor caminho a ser seguido.

Sou o Leonardo Ribeiro, tenho 31 anos, nasci em uma fazenda no município de João Pinheiro/MG, e lá vivi até os 7 anos de idade. Foi uma vida feliz, mas com dificuldades. Andava diariamente, desde os 05 anos de idade, cerca de 10 km para estudar, mas ia com a maior felicidade do mundo. Às vezes meu irmão e eu íamos a cavalo. Estudar era meu dom. Me dedicava bastante. Certa vez, fugi de casa, arreei o cavalo e fui sozinho para a escola. Lá era o meu lugar. Lá me sentia realizado.

Aos 07 anos de idade minha família mudou-se para a cidade para que eu e meu irmão pudéssemos dar continuidade aos estudos. Meu irmão desistiu no meio do caminho. Eu prossegui me dedicando. A curiosidade me levava a ser autodidata. Assim que cheguei na cidade, comecei a vender picolé pelas ruas da cidade. Confesso que não chegou a ser por necessidade, mas porque há uma cultura enraizada nas cidades do interior do país que o trabalho dignifica as pessoas, mesmo as crianças. Hoje discordo, o que dignifica as crianças é o estudo e o lazer, de um modo geral.

Os anos foram passando, e eu sempre muito dedicado aos estudos. Já no ensino médio, trabalhei para custear os estudos. Trabalhei na confecção de roupas de uma tia, trabalhei em bar, trabalhei em serigrafia, dentre outros pequenos trabalhos. E consegui fazer um razoável ensino médio. Saliento que sempre foi uma caminhada muito focada, mas de certa forma muito solitária. Minha mãe sempre foi uma grande incentivadora. Lutou muito para me dar qualidade de vida, mesmo a vida para ela sendo, também, muito difícil. No final do ensino médio, fiz o ENEM e fui contemplado com uma bolsa integral de Direito na Universidade Católica de Brasília.

Um novo ciclo se iniciou em 2007. Mudei-me para Brasília. Vim morar com uma irmã, que também viera tentar “ganhar a vida” na capital federal. Iniciei a faculdade. Logo precisei arrumar um emprego para me manter. Comecei trabalhando como vendedor em uma feira de roupas. Depois trabalhei como recenseador no IBGE, fui estagiário no TJDFT, no STF, na Câmara dos Deputados e em escritórios de advocacia. Não consegui fazer o curso de direito bem feito, pois sempre trabalhei o dia todo. Era uma rotina de acordar às 06:00 horas a manhã e ir dormir às 00:00. Tive que correr atrás do prejuízo depois, como contarei abaixo.

Mas digo a vocês: o sonho de ser juiz sempre permeou minha cabeça, nesses 05 anos de faculdade. E digo mais, era um sonho que parecia ser impossível. Me parece que há/havia um condicionamento social, que leva/levava as pessoas de poucos recursos financeiros a acreditarem que certos cargos públicos (Magistratura, Ministério Público, Defensoria Pública, etc.) não lhes é acessível. Mas isso não é verdade! Não há limites para os sonhos. Como diz o meu grande amigo, o juiz do TJDFT Fábio Francisco Esteves: “permita-se”. Permita-se acreditar! Permita-se perseguir seus sonhos! Permita-se viver!

Pronto, terminada a faculdade, eu necessitava da prática jurídica de 03 anos. Montei um escritório de advocacia no final de 2011, com meu grande amigo-irmão, Dr. Daniel André. Ao mesmo tempo tomei posse em um cargo na Secretaria de Saúde do DF. E deu super certo! Com nosso bom trabalho, à base de honestidade, confiança e afinco, nós prosperamos. Começamos a ganhar dinheiro. A advocacia começou a se tornar financeiramente compensadora para mim. Havia uma chance de eu me afastar do meu grande sonho. Mas não me afastei! Em 2015 confessei ao meu sócio a minha vontade de diminuir o ritmo de trabalho na advocacia e passar a me dedicar aos estudos. E assim o fiz! Em 2015 vendi o ágio do meu apartamento, deixei de advogar com afinco, me organizei financeiramente. Me preparei para o que estava por vir. Em 01/01/2016 iniciei os estudos para a magistratura. Não sabia como estudar, o que estudar, estava cru e perdido. Deus foi muito generoso comigo e me apresentou verdadeiros anjos na minha vida. Fui agraciado pela amizade dos professores Fábio Esteves, Carla Patrícia, Geilza Diniz, todos juízes do TJDFT. Sempre contei, também, com a ajuda do querido professor e procurador do DF, Marlon Tomazette.

E não foi fácil a trajetória! Foi muita abdicação, muita perseverança, muito afinco! Eu digo a você que está começando os estudos ou que está pensando em desistir: a caminhada não será fácil! Essa jornada de estudos é dolorosa. Às vezes até machuca. Mas procure dentro de você algo que lhe dê motivação. Tome a decisão e siga em frente. Não desista! Tenha certeza da aprovação e coloque nas mãos de Deus a data de aprovação! Se preocupe apenas em fazer sua parte bem feita. Os resultados virão. Todo plantio tem o tempo certo de colheita. O tempo de cada um é diferente. Você está com 50 anos e tem o sonho de ser juiz?! Não importa sua idade, corra atrás do seu sonho! E saiba, é possível realizá-lo.

No meu terceiro mês de estudos, ou seja, em março de 2016, uma angustia muito grande me assolou. Estava com inúmeros questionamentos na minha cabeça, inclusive se ser juiz era algo para mim. Fechei meus olhos, abri minha bíblia, às cegas, e coloquei o dedo em uma determinada passagem, que transcrevo:

OS JUÍZES – Estabelecerás juízes e escribas em cada uma das cidades que Iahweh teu Deus vai dar para as tuas tribos. Eles julgarão o povo com sentenças justas. Não perverterás o direito, não farás acepção de pessoas e nem aceitarás suborno, pois o suborno cega os olhos do sábio e falseia a causa dos justos. Busca somente a justiça, para que vivas e possuas a terra que Iahweh teu Deus te dará. DEUTERONÔMIO 16:18.

Não tive mais dúvidas. Obtive uma reposta clara! Segui firme no propósito. E deu certo! Deu super certo! Consegui êxito no concurso de juiz do TJPA.

Houveram dias de angústia? SIM. Houveram dias de tristeza, de incertezas, de muito cansaço? SIM. Mas o fundamental é jamais desistir do sonho, é manter o propósito. É confiar em si! Descanse quando necessário. Desabafe com um amigo às vezes. Mas tenha sempre a convicção que o dia seguinte será de muito estudo, de muito rendimento. A continuidade e a perseverança nos estudos são, para mim, os maiores segredos para levar à aprovação.

Não há uma fórmula mágica para obter a aprovação. Creio não haver métodos de estudos melhores ou piores. Teste alguns e escolha o que se adeque mais a você. Tente assimilar bons conselhos dados por pessoas que já passaram pelo caminho que você está trilhando. Eu sempre tive excepcionais conselheiros, a exemplo dos professores citados mais acima.

Mais uma vez, PERMITA-SE! Não importa o quão sem recursos financeiros você seja, se mora em cidade do interior ou em capital, se é negro ou branco, se é LGBTQIA+ ou não, se é cristão ou não, se é tatuado ou não, se é gordo ou magro. Isso não importa! O que importa é o SEU SONHO. Só tome a decisão de estudar, e siga em frente! Não olhe para trás nesse momento, apenas siga em frente fazendo sua parte bem feita. Se se manter perseverante, estudando com muito afinco, os resultados virão! Faça inúmeras provas, aumente suas possibilidades (eu mesmo fiz umas 10 provas para a magistratura, quase passei no TJCE, caí por pouca coisa na sentença criminal).

Quanto ao método de estudo e material de estudos, não há algo hermético. Há bons métodos e bons materiais. Gosto muito do material do Legislação Destacada, para a primeira fase. Para a segunda fase, gostei muito do CPIuris, principalmente das aulas do professor Juliano Alves, um verdadeiro mestre do saber. Para a prova oral, aposte em treinamentos de qualidade, seja com os próprios colegas, seja em cursinhos especializados e, claro, revisando seu próprio material. Creio não valer a pena inserir material novo nas revisões para a prova oral.

É isso, espero ter ajudado de alguma forma. Coloco-me à disposição.

Leonardo Ribeiro da Silva
 
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