Trajetória nos concursos - Por Tuíra Paim Paganella

By | setembro 26, 2020 Leave a Comment

   


Trago hoje a trajetória de Tuíra Paim Paganella, promotora em MPMG (concurso encerrado em 2020)! O aprendizado com os erros é uma característica que ajuda muito a obter evolução em qualquer faceta da vida: a Tuíra, após reprovar em sentença cível de improbidade no TJPR, estudou para não ficar mais vulnerável no tema. A reprovação na sentença cível do TJRS, por outro lado, que adotou tema específico e com resposta bem fechada, ensinou também algo: há um fator aleatório e incontrolável nas provas. Muitas vezes você pode ser o mais preparado, mas o entendimento específico (fora de qualquer informativo recente, súmula, doutrina de concurso ou redação direta da lei), quando exigido, pode nos derrubar. Ao final da trajetória, Tuíra resume bem o que cabe a cada um de nós enquanto concurseiros: preocuparmos com aquilo que está no nosso alcance, fazendo o nosso melhor: "um norte que sempre utilizei em todas as provas que fiz era: 'quero chegar à prova sabendo que fiz tudo que podia, tudo que estava ao meu alcance'. E, enfim, deu certo! Chegou a prova que seria a 'minha'. Tudo encaixou. A disciplina, a persistência e a correção dos erros do passado, me levaram ao presente!". Parabéns, Tuíra! Muitas felicidades no MPMG!


Em 2005, minha irmã mais velha foi aprovada no concurso de Juiz de Direito do TJPR, eu estava então no 1º ano do Ensino Médio e foi a primeira vez que saí do meu estado (RS), quando acompanhei alguns dias do trabalho dela, assistindo audiências cíveis e criminais, vendo minutas de sentenças etc. Foi ali que decidi que queria cursar Direito e que faria concurso para a Magistratura. Em 2008, iniciei minha graduação e fui selecionada como estagiária no Ministério Público de minha cidade natal, onde tive oportunidade de trabalhar com uma das mais brilhantes Promotoras de Justiça que já conheci. Lá conheci a função do MP, área de atuação e também me apaixonei pela carreira. Assim, com dois excelentes exemplos de profissionais, uma vez formada, passei a prestar concursos tanto de Magistratura, quanto de Ministério Público, ambos em âmbito estadual, em virtude da minha maior afinidade com as áreas de atuação.


          Com relação aos meus estudos, sempre gostei muito da leitura de doutrina e jurisprudência... Dessa forma, li diversas doutrinas no início dos estudos, ao tempo que também resolvia questões objetivas ao longo do estudo. Assim, vieram minhas primeiras provas objetivas: em uma primeira sucessão de provas, fiquei reprovada por 1 e 2 questões do ponto de corte. Percebi a necessidade da leitura de lei “seca”, que até então eu não havia incluído no meu estudo. Passei a ler lei “seca” no mês que antecedia à prova objetiva. Isso me levou à prova do TJSC de 2015 (algumas provas marcam mais que outras), em que eu estava com 67 pontos e o corte no olho da vaga estava em 67. Foi a primeira vez que estudei para uma 2ª fase. No fim, houve a anulação de uma questão que eu não aproveitei, o corte subiu para 68 e eu não passei para a próxima etapa. Nessa época, eu conciliava os estudos com o cargo de assessora de Desembargador no TJRS, cargo que me proporcionou bastante experiência prática, mas que ao final estava consumindo mais tempo do que o horário regular de trabalho. Nesse momento, planejei financeiramente minha saída do TJ para que pudesse me dedicar integralmente aos estudos. Saí em meados de 2016, fazendo-me uma promessa: não reprovarei mais por uma questão na 1ª fase.


          Com essa promessa, identifiquei que nas primeiras 50 questões de prova, que envolviam Civil, Penal, Consumidor, ECA e Processos, acertava mais de 40 questões; sendo que nas últimas 50 questões que envolviam Constitucional, Tributário, Administrativo etc., meu aproveitamento era bem menor. Assim, passei a me dedicar com mais afinco a essas matérias, mas sem deixar de revisar as demais. O resultado veio na prova do TJPR de 2017, fui aprovada na 1ª etapa com 86 acertos, tinha encontrado o método de aprovação que funcionava para mim e estava em uma 2ª fase. Nesta 2ª fase, fui reprovada na prova discursiva, minhas sentenças não chegaram a ser corrigidas; mas isso não sem gabaritar uma das questões, pois eu sabia de uma jurisprudência antiga e controversa porque tinha estudado para aquela 2ª fase do TJSC que acabei não fazendo.


          Pois bem, continuei estudando, veio TJRS2018, passei novamente na 1ª fase, corriji erros que tinha feito na 2ª fase do PR, e passei na discursiva. Teria minhas sentenças corrigidas. A partir daqui comecei a descobrir um outro aspecto dos concursos: existe um fator que está fora de nosso controle, tu podes ter feito tudo que estava em teu alcance, mas ainda assim não ser “o teu concurso” (costumavam me falar isso, eu não acreditava...). Isso porque o TJRS adotou padrão fechado de respostas, sendo que outras resoluções, ainda que viáveis, não foram consideradas. Assim, fui aprovada na sentença criminal, mas reprovada na sentença cível.


Concomitantemente ao concurso do TJRS, também adveio novo concurso do TJPR, no qual também logrei aprovação nas 1ª e 2ª fases. Com relação à fase de sentenças, realizada no ano de 2019, novamente fui aprovada na sentença criminal e reprovada na cível. A sentença cível trazia um caso de improbidade administrativa, sentença que exige algumas formalidades específicas e, mesmo tendo treinado inúmeras vezes, cheguei à prova sem ter feito nenhuma desse tipo. Saí desse concurso com uma nova promessa: vou aprofundar improbidade administrativa e não serei mais derrubada em concurso por isso.


Pois  bem, o resultado da reprovação veio em um momento em que não havia edital aberto, mas havia rumores de um possível concurso do MPMG. Com essa informação, resolvi as últimas provas desse MP, atentando para o conteúdo e doutrina cobrados. Verifiquei que a parte de difusos desse certame era cobrada de forma mais pesada do que outros concursos de MP que já tinha feito. Assim, resolvi ler a doutrina de difusos do Didier e Zaneti, livro que terminei no dia em que publicado o edital do concurso. A partir daí, voltei aos estudos de 1ª fase: lei, questões, revisão. Estava aprovada na 1ª fase e faria minha primeira 2ª fase de MP. Nesse momento, estudei doutrina pontual, analisei o perfil dos examinadores e treinei peças e questões. Na prova, obtive pontuação máxima em uma questão que tratava de improbidade administrativa (lembram da minha promessa?). Logrei aprovação nessa etapa em 13º lugar.


Então veio a preparação para a prova oral. Nessa etapa, além de manter revisões, leitura de doutrina pontual, jurisprudência em dia e leitura de lei, outro fator, ao meu ver, é essencial: treinamento! Tive acesso a um arquivo com as perguntas elaboradas em concursos passados e todas as noites da semana treinava com meu namorado, bem como nos finais de semana treinava com uma amiga, ambos aprovados nos últimos tempos. Treinava nos moldes do padrão do MPMG, cerca de uma hora, uma hora e meia de treinos. Até que chegou a semana anterior da prova, nesta, deixei para descansar um pouco mais e fazer algumas revisões pontuais; na hora da prova, queria estar de acordo com o art. 926 do CPC: íntegra, estável e coerente. Para isso, contei muito com o meu hábito de corrida, que não abandonei mesmo em época de pandemia (corria dentro do apartamento), pois, para mim, é um importantíssimo repouso mental. Utilizava, inclusive, uma playlist com músicas que serviam de motivação para mim.


Um norte que sempre utilizei em todas as provas que fiz era: “quero chegar à prova sabendo que fiz tudo que podia, tudo que estava ao meu alcance”. E, enfim, deu certo! Chegou a prova que seria a “minha”. Tudo encaixou. A disciplina, a persistência e a correção dos erros do passado, me levaram ao presente!


Minha história não trata de nada excepcional de minha parte, mas tão somente de planejamento e aprendizado com os erros e experiências vividas, resiliência e resistência, afinal, concurso público não é uma corrida de 100 metros, mas, sim, uma maratona. O percurso é longo e deve se aproveitar tanto o caminho quanto a chegada! 


Por fim, ter minha prova oral transmitida pelo youtube me trouxe uma experiência que eu jamais imaginava. Agradeço aos (às) concurseiros(as) que, mesmo não me conhecendo, torceram por mim e desejaram sucesso. Desejo, igualmente, sucesso a todos!

 


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