Trajetória nos concursos - Amanda Mineiro

By | junho 11, 2019 Leave a Comment
Hoje trago a trajetória da Amanda, aprovada em diversas defensorias e mestre em Direito. O relato é bem interessante não só pela capacidade de adaptação de Amanda - que mudou de método diversas vezes diante dos resultados -, mas por essa capacidade se manifestar MESMO após a 1ª aprovação em concurso. Para usar as palavras da Amanda, "aparar as arestas" não é algo que só se destina àqueles que estão distantes do ponto de corte na 1ª fase, como também aos já aprovados em algumas fases e em concursos. Mesmo em vitórias temos algo a melhorar! Além desse aspecto, Amanda foge do perfil habitual de concurseiro, pois são raros aqueles que fizeram mestrado. Sob o ponto, é interessante notar que, embora fazer mestrado não se justifique APENAS sob o prisma dos pontos na prova de títulos (leva-se muito tempo para concluir, de modo que o custo-benefício é baixo), é um estudo que TENDE a abrir o raciocínio, facilitando as abordagens e escrita em prova subjetiva. Obrigado, @amandamineiro.dp, pela humildade em querer ajudar as pessoas, como, aliás, tem feito já no seu perfil do instagram (que vale a pena seguir).

Olá, eu me chamo Amanda Mineiro e sou aprovada em 3 concursos para Defensoria Pública.
Inicialmente, quero agradecer o convite do Julio e dizer que é uma honra e satisfação para mim poder contar um pouco da minha trajetória e, quem sabe, ajudar alguém a não cometer os mesmos erros que eu.
Eu sempre soube que gostaria de fazer concursos públicos, mas, apesar disso, no último ano de faculdade participei da seleção para ingressar no mestrado e, para minha surpresa, fui aprovada. Em razão disso, antecipei minha colação de grau em 3 meses e emendei a graduação com o mestrado.

Nessa época eu também estava me preparando para o exame da Ordem, então eu assistia às aulas do mestrado pela manhã, à tarde fazia cursinho para a OAB, à noite eu era docente estagiária e, nas horas vagas, me dedicava aos artigos e fichamentos que precisava entregar no mestrado. Apesar de já ter o dia quase todo ocupado com atividades, também me inscrevi no curso Intensivo do LFG e tinha certeza que, assistindo às aulas, eu estaria estudando muito para concursos e que seria aprovada rápido (spoiler alert: não fui).

Um ano e dez meses depois, finalizei o mestrado e decidi começar a trabalhar como professora universitária. Entreguei alguns currículos e logo fui contratada. Eu seguia achando que o fato de assistir às aulas do LFG sem efetuar qualquer tipo de revisão configurava estudo, mas achei que era necessário estudar a legislação também, então me reunia com mais 3 colegas para lermos legislação em conjunto. O rendimento era muito baixo, 3-4 páginas de legislação por dia e, mais uma vez, sem revisar.
Um tempo depois foi publicado o edital para Procurador Municipal de Maceió, de onde sou natural, e decidi tentar a prova. Fui reprovada por 1 ponto na prova objetiva e, nesse momento, finalmente percebi que precisava modificar a forma como eu estudava, pois, do jeito que estava fazendo, não chegaria a lugar nenhum.

Decidi, então, partir para leituras capa a capa e me dedicar ao concurso da DPU, que estava previsto para sair. Li uma bibliografia extensa dessa forma, fiz a prova da DPU e fui reprovada na objetiva por 0,5 ponto.
Fiquei arrasada, não conseguia acreditar que ainda não tinha encontrado uma fórmula eficiente de estudos. Mas, como disse no início, eu sempre soube que queria fazer concursos públicos e, apesar da tristeza, eu sabia que só iria parar quando finalmente fosse aprovada.
Tomei a decisão de mudar o método de estudos e iria agora ler transcrições de aulas e tentar revisar, já que o conteúdo é menor que nos livros. No entanto, era muito difícil revisar e eu segui apenas avançando no conteúdo.
Depois de alguns meses seguindo esse novo “método”, o edital da DPE RN foi publicado. Resolvi tentar. No dia da prova eu já sabia que tinha me saído bem e o gabarito confirmou minha aprovação, pela primeira vez, para a segunda fase.

Eu nem conseguia acreditar! Finalmente tinha dado certo! Fiz um curso preparatório e, como sempre senti facilidade para prestar provas discursivas, fui aprovada e consegui subir algumas posições. Depois veio a prova oral (lembro que no dia eu não conseguia parar de sorrir pensando que finalmente tinha chegado até ali!) e também obtive a aprovação, finalizando o concurso em 65o lugar.
Em pouco tempo eu descobri que, nos concursos para Defensor Público, se a aprovação não for dentro do número de vagas ou perto delas, o candidato provavelmente não será nomeado. Ou seja, eu precisava continuar estudando. 
Eu tinha em vista o próximo concurso da DPU e também o da DPE-AL. Cheguei à conclusão de que o meu “método” não iria me levar muito mais longe do que havia chegado e mudei de método mais uma vez.

Passei a estudar com revisões periódicas de material virtual, leitura de legislação e resolução de exercícios (algo que eu simplesmente não fazia antes). Pela primeira vez eu conseguia efetuar as revisões de maneira eficiente e me sentia realmente aprendendo. 
Fiz a prova da DPU em 2017 (a mesma prova em que dois anos antes fui reprovada por 0,5 ponto) e, para a minha total surpresa, fui aprovada em 7o lugar na prova objetiva. Fiquei abismada em perceber como as revisões funcionavam! 
Mas a alegria durou pouco e a primeira fase da DPE-AL foi marcada para o mesmo dia da segunda fase da DPU. Era preciso escolher uma das duas carreiras e decidi abandonar a DPU para tentar ser aprovada no meu Estado.
Aqui acho necessário mencionar que a pressão de fazer prova “em casa” é algo imensurável, ainda mais depois de ter abandonado uma aprovação para outra 2a fase.

Ninguém consegue entender o que você está passando, o estresse é imenso e você se vê obrigado a aprender a conviver com uma angústia constante. Mas, apesar de tudo, meu plano deu certo e obtive a aprovação na DPE-AL em 19o lugar (eram 15 vagas originalmente).
Apesar de ter ficado muito feliz, também fiquei muito chateada por ter ficado fora das vagas, e também, pois perdi muitas posições na prova oral, em parte por minha causa e, em parte em razão de uma avaliação que julgo injusta por parte de um examinador.
Ao mesmo tempo, saiu o edital da DPE-PE e precisei aprender mais uma lição: o auto perdão.
Eu precisava me perdoar pelo resultado da prova oral e seguir em frente, senão iria perder a oportunidade de ser aprovada para a carreira que eu queria em um Estado vizinho.

Consegui chegar à prova oral da DPE-PE e confesso que pensei em desistir muitas vezes. Não queria me colocar naquela posição de vulnerabilidade mais uma vez e ficar à mercê de uma avaliação que poderia ser injusta. Apesar disso, criei coragem, fui fazer a prova e, com a prova oral, subi 10 posições. Finalizei o concurso em 15o lugar, dentro do número de vagas.
Sei que o relato foi longo, mas achei necessário fazê-lo assim para mostrar que nem sempre a trajetória dos aprovados é linear e muitas vezes é necessário fazer auto avaliações e aparar as arestas para ter resultados satisfatórios. 
Além disso, é preciso saber lidar com os resultados insatisfatórios, perdoar a si mesmo pelos erros cometidos, e ter a coragem e disposição de persistir. Muitas vezes a aprovação dos sonhos está logo em seguida!

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