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Avô, pai e marido. Aprovado com 46 anos. Superou uma doença difícil. Eis a trajetória de Marcos Rogério Sanches, aprovado para promotor do M...




Avô, pai e marido. Aprovado com 46 anos. Superou uma doença difícil. Eis a trajetória de Marcos Rogério Sanches, aprovado para promotor do MPSP (95º concurso) e à espera do resultado da prova oral do TJSP (concurso n.º 190)! Vale muito a pena a leitura e aprendizado, sobretudo pela lição de gratidão, que só costuma surgir quando cientes ficamos da finitude da vida! Aproveito para agradecer os elogios! Fico muito honrado mesmo, ainda mais vindo de você, Marcos! 


Olá, Amigos e Amigas,

De início, minha gratidão ao Professor Julio César pelo honroso convite para compartilhar, de forma breve, essa longa história que me trouxe até a sonhada aprovação em um concurso de carreira jurídica, no 95º Concurso para Promotor de Justiça do Estado de São Paulo. O Professor Julio é um daqueles seres humanos que a gente sente que desenvolve uma missão de vida que transcende a sua própria existência, pois sua cordialidade, lhaneza no tratamento, empatia e sua humanidade tornam o seu brilhantismo ainda mais admirável. Olhando o caminho percorrido, não é possível pensá-lo sem os seus ensinamentos! Muito, muito, muito obrigado, Professor.

Sou Marcos Rogério, tenho 46 anos de idade, e sou de Avaré, cidade no interior do Estado de São Paulo. Filho da dona Marta e neto da dona Hermínia, mulheres fortes e batalhadoras que me criaram e educaram com as maiores riquezas que uma criança pode estar cercada: Amor e Cuidado. Minha família sempre foi muito unida; mãe, avó, tio, tias, primos e primas, formando uma base de princípios que tocam minha existência.

Minha infância foi típica de uma criança que vivia em uma cidade do interior (naquela época). Jogando futebol nas ruas de terra, caminhando até a escola em grupos de amigos, correndo pelas ruas e andando de bicicleta à noite, até o limite da percepção de que aquela seria, de fato, a última vez que a mãe estava chamando para entrar para o banho, antes de uma bronca mais incisiva ou uma boa chinelada...rs

Me tornei pai logo após o término dos estudos do segundo grau, aos 18 anos, e isso não me permitiu pensar em cursar uma formação superior naquele momento. A busca por ser um bom pai sempre foi um fator determinante na minha vida, pela ausência dessa figura no meu desenvolvimento na infância. É algo que me move, e que sempre me motivou a buscar, por meio do acesso aos cargos públicos, a possibilidade de proporcionar uma boa formação e condições para que meus filhos pudessem se desenvolver bem, e serem cidadãos de valor, fiéis à família, aos bons princípios e ao grupo social. É uma missão em constante construção.

De meu primeiro casamento tenho três filhos: o Bruno, o Lucas e o Matheus. A vida me presenteou ainda com uma filha de coração, a Michelle, filha da minha esposa, Neyde, e pela qual guardo o mesmo Amor Filial. Sou avô do Lorenzo, da Lara e do Theo, crianças maravilhosas que chegaram para nos mostrar que o Amor não encontra limites, e que uma Família pode sempre encontrar novos motivos para celebrar.

Desde os 19 anos sou servidor público. Em 1998 tomei posse como Agente de Segurança Penitenciária, no Estado de São Paulo. A função é desafiadora, mas nela encontrei colegas de profissão incríveis, com amizades que perduram desde então.

Em 2005, após o fim do meu primeiro casamento, iniciei o Curso de Direito, algo que transformou minha história de vida. Em que pesem as dificuldades desse período: a reconstrução financeira após o fim de um relacionamento; a distância momentânea dos meus filhos que foram residir em outra cidade; conciliar trabalho e estudos; procurei aproveitar ao máximo o curso, que fiz em minha cidade, na Faculdade Eduvale de Avaré, pela qual guardo profunda gratidão, e grande admiração a todos os professores que auxiliaram nesta formação, e que muitos hoje tenho a honra de serem meus amigos.

Junto com os conhecimentos provenientes do estudo jurídico veio também uma profunda admiração e respeito pelas carreiras de Juiz de Direito e de Promotor de Justiça. No entanto, via essas carreiras como um sonho muito distante, até mesmo inalcançável a alguém com esse histórico de vida, que com dificuldade vencia o desafio de cursar o ensino superior.

Em 2008, meus três filhos vieram morar comigo em Avaré. Um momento de extrema felicidade, e também muito desafiador, pela necessidade de conciliar a paternidade solo com o trabalho e a faculdade.

Mas Deus, sempre presente em nossas vidas, prepara com sabedoria todos os passos de nosso caminhar! E os desafios se tornam possíveis de serem vencidos quando temos pessoas generosas e amorosas ao nosso lado.

Nesse período, namorava com a agora minha esposa, Neyde. Gostaria de escrever muitos capítulos de minha vida dedicados a ela. Esteve sempre presente na organização da rotina dos meus filhos, me apoiou durante a faculdade, o estudo para concursos, e nos momentos mais felizes e mais desafiadores estivemos sempre juntos. Algo que só o Amor Verdadeiro pode explicar.

Ao final da faculdade, em 2009, logrei aprovação no Exame da OAB, e na mesma semana, em um concurso de nível médio da Receita Federal, como Assistente Técnico Administrativo. Minha formatura foi um momento de enorme felicidade, pela gratidão de ver como minha vida e da minha família era transformada.

Em 2014 fui nomeado para o cargo de nível superior de Analista Judiciário da Justiça Federal do Paraná, onde exerço minhas funções (em abril/2024) na Subseção de Jacarezinho/PR, junto a Magistrados Brilhantes e imbuídos de profunda generosidade e humanidade, e amigos de trabalho espetaculares. 

Com o acesso a esse cargo público tive a possibilidade de propiciar a meus filhos uma boa formação educacional, e me proporcionou uma estabilidade de vida que me fez deixar de lado aquele sonho de me tornar Juiz ou Promotor.

No ano de 2017 vivemos um dos momentos mais desafiadores de nossas vidas. Em exames de rotina, descobri uma neoplasia maligna na bexiga.

Foi uma fase muito difícil. A percepção da finitude da vida como algo concreto e imaginariamente próxima com o diagnóstico de um câncer é algo que redefine nossa forma de enxergar a família, os autocuidados, os problemas, a vida em geral. É um exercício de ressignificação da vida.

Entre 2017 e 2019 realizei três cirurgias, muitos procedimentos de controle no centro cirúrgico e, após a última cirurgia, em 2019, conseguimos a remissão da doença. Exames de controle continuaram a cada 6 meses, sem retorno da doença.

A obtenção desse milagre de cura foi algo também transformador. Sentir o Poder de Deus agindo em nossas vidas é algo que nos faz pensar que para os desígnios Dele não há limites, não há “impossível”.

E foi nessas circunstâncias que o sonho de me tornar Juiz ou Promotor ressurgiu. Após um milagre tão poderoso que era o de estar vivo e ser curado, porque o sonho de ser Juiz ou Promotor seria impossível?

E assim, no início do ano de 2020, após conversar com minha esposa sobre esse desafio, esse projeto teve início. Organizei um planejamento de estudos e comecei a me dedicar, diariamente, a esse desafio.

Em 2022, mantida a rotina de dedicação e com a retomada de realização de provas após aquele período da pandemia, realizei 4 provas para a magistratura: 2 para juiz estadual e 2 para juiz federal. E nessas 4 provas fiquei a 1 ponto para avançar às segundas fases. Foi um momento de profundo questionamento. Me recordo do pensamento de que já teria chegado ao meu limite de estudos e de conhecimento, e que eles poderiam não ser suficientes para ser competitivo e avançar nas provas.

Minha esposa, Neyde, em sua sabedoria, me convenceu que poderia ser justamente o contrário, pois demonstrava que eu estava muito próximo do resultado, e que desistir não era uma opção. E ela estava certa!

Logo após esse período, mantendo a constância da preparação, consegui avançar para a segunda fase do 94º para Promotor de Justiça de São Paulo, mas por alguns décimos não avancei à fase oral.

Depois, após o início de 2023, recebi com a alegria o resultado de ter avançado às segundas fases dos concursos de Juiz do TJMG, TJMS, TJSP, e TJPR, e para Promotor de Justiça de SP no 95º Concurso.

Pela coincidência de datas e por ser de SP, realizei as segundas fases do TJSP e do MPSP, apenas. E consegui avançar à fase oral de ambos.

Hoje, tenho a exata noção de que não estava preparado para enfrentar o desafio de uma segunda fase em momentos anteriores (lá quando fiquei a um ponto do corte), e que me foi possível avançar justamente quando essa fase da construção de conhecimento foi adequada a este enfrentamento. Foi uma lição dolorosa, à época.

A fase oral foi a mais desafiadora na minha preparação. A possibilidade de se ver avaliado, instantaneamente, de forma direta e pública me causava muito temor. Por isso, logo após o resultado do TJSP procurei o Professor Julio e fui acolhido por ele sua equipe. Seu curso de oratória e retórica é, como todos dizem, um divisor de águas na percepção do que representa a prova oral.

Fiz outro curso e também treinamentos de arguição, já estudando com base nos aprendizados do curso com o Professor Julio.

Em março de 2024, uma semana antes de meu aniversario de 46 anos, ouvi, ao lado de minha esposa, dois de meus filhos, e dois de meus netos, meu nome sendo pronunciado pelo Secretario da Banca do 95º Concurso para Promotor de Justiça do Estado de São Paulo, na sessão de resultado. Fomos tomados por um grito e um choro de alegria incontroláveis, em abraços que ainda sinto, a todo momento. Uma emoção sem igual. Era mais um milagre de Deus sendo operado em nossas vidas, havia sido aprovado para Promotor de Justiça de São Paulo!

Me submeti, nesta semana (em 03/04/2024), à prova oral do 190º Concurso para Juiz de Direito do Estado de São Paulo, cujo resultado será divulgado futuramente. Estudei o melhor que me foi possível, e busquei lutar pela realização de uma boa prova da melhor forma que pude, de modo que o final desse concurso me será justo, seja qual for o resultado que dele provenha, pois sinto que fiz o meu melhor.

Aos que tiveram a generosidade e a paciência de seguir até estas linhas, e que possam ter encontrado alguma identificação por viverem e vencerem, diariamente, desafios muito maiores que esses que estiveram presentes nesta minha história, gostaria de compartilhar uma mensagem de fé, de que é preciso agir mesmo nos momentos de desconforto e acreditar que existe um Deus que nos guia sempre pelos melhores caminhos, ainda que só possamos perceber isso mais à frente nessa caminhada.

Essa não é a história de alguém genial, com inteligência acima da média, mas sim de uma pessoa comum, de origem humilde, que via no acesso ao serviço público uma oportunidade de mudar sua realidade de vida e que, com dificuldade, esperança e constância foi caminhando, anos e anos, até que seu sonho está se realizando.

É preciso lutar pelos sonhos, trabalhar duro por eles, e se contarmos com o apoio e o Amor de familiares e amigos, essa batalha será mais suportável.  É necessário saber que esse caminhar não será fácil e nem breve (na maioria das vezes), mas que nele existem belezas, encontros, novas amizades, e a construção diária de um ser diferente, melhor e mais próximo do seu objetivo.

Há no final do filme Todo Poderoso, destaque à frase “Seja um milagre”. Mas a vida com Deus é tão poderosa a todo tempo, que penso que o correto seria “Viva o milagre” que Ele nos prepara todos dias, com o dom de estarmos vivos, e lutando por nossos objetivos e nossos sonhos, ainda que, em algum momento, eles pareçam impossíveis. Deus nos abençoe a todos e que o “impossível” de cada um se realize! Fraternal abraço. Marcos Rogério Sanches.


 











 

 






 

Postei no YouTube a arguição do @thiago.sacchetto, aprovado em 2 lugar geral do MPMG e MPF (ambos concursos de 2023). Thiago foi, na ocasião...


Postei no YouTube a arguição do @thiago.sacchetto, aprovado em 2 lugar geral do MPMG e MPF (ambos concursos de 2023). Thiago foi, na ocasião, o primeiro a ser arguido e no primeiro dia. Vale a pena assistir: Thiago demonstrou um conteúdo e jogo de cintura muito acima da média, mesmo em arguição bem difícil!

Link para vídeo completo:


 O teatro tem relação umbilical com a oratória. Na Grecia Antiga, o logógrafo era aquele profissional que escrevia discursos. No meio forens...


 O teatro tem relação umbilical com a oratória.


Na Grecia Antiga, o logógrafo era aquele profissional que escrevia discursos. No meio forense, foi o embrião da advocacia (não custa lembrar que a origem da arte retórica remonta a disputas possessórias em tribunais, com o sofista Corax, no seculo VI a.C.). Em Atenas - voltando ao logógrafo -, a parte “da relação de direito material” é que devia discursar; só era possível, então, delegar ao logógrafo uma parcela do discurso: o que falar (inventione), em que ordem (dispositio) e com qual elocução (elocutio). A proclamação (actio), por sua vez, ficava por conta da parte. Terceirizava-se o roteiro da peça; não, porém, a atuação.


O maior exemplo histórico é a própria Apologia de Socrates (399 a.C.), o famosíssimo discurso de defesa diante da acusação de cultuar outros Deuses e de corromper a juventude: Lisias, sofista, sugeriu um discurso (rechaçado por Socrates). No entanto, aceitando ou não, cabia a ele, Socrates, sustentar oralmente, tal como ocorreu.


Nesse contexto, a parte, nos limites da capacidade performática e, portanto, nos limites do que soaria natural, discursava. Mas, para além da naturalidade, outra preocupação era com a adequação do personagem (kairos), ou seja, com um orador que demonstrasse indignação em discurso irado; comiseração em discurso piedoso; serenidade em discurso técnico. Na prova oral, um personagem é esperado pela banca: alguém natural, assertivo e que transmita equilíbrio emocional. Mais racional; menos passional. Mais sereno; menos colérico. Um juiz. Um promotor. Não um político. Nem um professor. Tampouco um locutor esportivo. Incorporando aos poucos esse personagem desejado, o orador passa a agir, com naturalidade, como se fosse ele: coimplicam-se a naturalidade e a adequação. 


Assim, ao candidato da prova oral (mesmo sem ter feito aula de teatro), eis uma boa metáfora pedagógica: viva tão intensamente o personagem adequado a ponto de os sentimentos dele serem os seus!